29/08/2009

Sai-se por onde???

Abro os olhos, algo me incomoda mas não percebo o quê, ao mesmo tempo que me tento situar onde e quando. Estou deitado no sofá, vestido, com a cabeça em cima do apoio de braço, o que me causou um valente torcicolo. De pescoço torto, limpo a baba das fuças com o punho. Além da merda do pescoço, algo mais me incomoda, mas as palpebras ainda estão pesadas e debato-me para focar a visão... Afinal a puta da TV está ligada, uma mira técnica debita uns enervantes 1000 ciclos! Puta que pariu estes gajos, porque não metem uns fractais de Mandelbrot sem som ao invés desta merda sem sentido, assim sempre serviria para fingir que estamos a tripar com LSD ou para enganar uma MILF suburbana que engatámos no Feira Nova, poderíamos dizer-lhe que era uma obra de arte em movimento de um novo artista russo... Estas vacas adoram gajos sensíveis às artes, e isso meus amigos, pode significar um broche até ao fim ou mesmo a anilha. A arte é uma coisa maravilhosa desde que não dependamos dela para comer...
Quem quer miras técnicas compra um aparelho próprio para isso, e não estou a ver técnicos a esperarem pelo fim da emissão para afinarem as putas das TV's. A puta da mira parece a bandeira dos panascas, aquela multicolor, e o som parece música techno do Love Parade!
Até nestas merdas há mensagens escondidas para nos converter a todos à rabetice e deixarmos de procriar.


Mas tudo isto é irrelevante quando disparam as sinapses da memória fazendo-me relembrar da minha verdadeira existência, das minhas poucas virtudes e dos meus excessos de más opções e do inútil sentido de oportunidade que me caracteriza. E nessa altura faço força para não gritar de raiva ainda fresco daquele universo paralelo de onde acababei de emergir, daquele sonho onde tudo isso fica para trás, onde sou brindado com a mais intoxicante e poderosa droga, a puta da felicidade, lá, onde sou a antítese da dura realidade.
Não sei até quando manterei o descernimento para continuar, a pouco e pouco considero a desistência porque as pernas já me falham, mas dia após dia procuro uma razão sólida e plausível para o esforço e para a contenção. Estou cansado e quero dormir, quero o meu universo paralelo, quero parar de marrar contra o vidro e deixar de ser dependente desta fustigante condição bizarra, quero ser linear. Estou farto da representação patética cheia de auto-agressões ilusórias.
Já não sei ser bom, perdi a esperança em ter vontade de acordar, perdi-me a mim próprio e não me encontro, enquanto me debato com este demónio chamado memória preenchida com um lamacento percurso de declínio, carência e ilusão. Não guardo rancor, apenas mágoa...
É triste, muito triste quando nos aprecebemos que os nossos desejos imediatos sejam dormir e sonhar, ou em alternativa, um valente tiro no cornos. Será cobardia? Talvez, mas mantendo-me fiel à Matemática, aquilo em que mais acredito, e fazendo as contas, ela está cada vez menos a meu favor. Tudo na vida são números e física... Pura física! E eu estou farto de fazer contas e equilibrar o fiel da balança.

03/08/2009

Geração tipo...

-Tipo, vais no comboio a recocar as conversas das suburbanas empregadas fabris que decidiram investir um niquinho em conhecimento geral das coisas, tipo, o mundo em que habitam...

-E depois?

-Oh pá, depois é do tipo, sempre a comentar as putas das notícias do Destak ou da Dica da Semana, mas de uma forma inovadora, tipo, já formam, a muito custo claro, uma opinião própria sem ir em unanimismos ou opinião generalizada, discordando até do Sousa Tavares, aquele cabrão anti-progresso e inimigo da tão saudável especulação imobiliária e dos patos-bravos. E olha que estas gostam do tipo...

-Do tipo quê?

-Foda-se, do gajo....


-Ah... pensei que ias exemplificar. Mas afinal o que te chateia nas labregas?

-Chateia-me a cena de começarem qualquer definição do ponto de vista delas, com a exclamação, tipo, "É assim..."

Então é assim, tipo, o caralho que vos foda a todos, não?