31/05/2008

Conto de Natal - parte 5

Estava deitado a tentar adormecer, coisa estúpida eu sei, porque depois de um acontecimento revelador como este só mesmo eu para tentar dormir! Dei voltas à cabeça, cheguei mesmo a falar comigo à viva voz sobre o sucedido, fiz perguntas a mim mesmo, mas sem resposta. Estava a ter o meu primeiro momento de reflexão verdadeiro. Mas um Homem não muda assim. Homem que é homem não deixa que lhe abalem as convicções. Ainda por cima por um Portergeist com um aspecto de erro genético! Por muito que fizesse uma retroespectiva da minha vida, a única conclusão a que chegava era invariávelmente a mesma: devia ter-me divertido mais!!! Mas num instante caí em mim e lembrei-me do que me disse o fantasma dos tempos idos, haveria de ser visitado por outro. Talvez aquilo fosse uma revelação tão colossal que tivesse que ser transmitida às mijinhas, talvez nem mesmo o verdadeiro Humano perfeito que eu era tivesse a capacidade de entender uma revelação daquela envergadura. Já esperava mesmo que me fosse revelado o tão demandado Sentido da Vida! Comecei mesmo a sentir-me o ESCOLHIDO, tipo aqueles filmes apocalípticos, de deuses e demónios em que o herói é sempre um iluminado, o tal, aquele que nasceu para aquilo! Até fazia algum sentido porque sempre me senti especial, sempre me senti superior, e naquele momento até achei que iriam reescrever toda a Bíblia, Corão, Tora e todos os canhanhos que viciam o povo. Eu iria constar neles todos!!!
Estava eu embrenhado nestes pensamentos, ao mesmo tempo que ia mirando a janela à espera do próximo que por ali entrasse, quando ouvi um barulho vindo da casa de banho. Olhei para o lado a ver se o camafeu da mulher estava deitado, pois tinha-me abstraído de tudo e talvez não tivesse reparado da saída dela, o que aliás era perfeitamente normal. Era habitual eu não me aperceber da presença dela mesmo que estivesse a falar comigo aos berros e à minha frente, exactamente como aqueles que sofrem um trauma e o cérebro apaga essa memória como forma de protecção. O meu, simplesmente a ignorava por completo. A única coisa que não a ignorava era o meu malho, pois dava sinais de si quando a fome de boa carne apertava. E verdade seja dita, daquela boca não saia nada de jeito mas fazia uns broches majestosos. Levantei-me da cama e dirigi-me para onde vinha o barulho, mas fui a medo, pois tinha receio que estivesse a ser assaltado. Assim que entrei na casa de banho dei de caras com um tipo alto, com um penteado à moicano e a crista com madeixas loiras, tinha uns óculos escuros grandes em degradê castanho, um brinco de brilhantes em cada orelha, enormes, que mais pareciam aquelas bolas que se penduram numa árvore de Natal, camisa preta em cetim, barbinha feita na perfeição, calças largas de linho e umas sandálias em pele. O gajo estava a remexer-me as gavetas onde guardo as porcarias de higiene, analisava cada frasquinho, cada pomada, cada bisnaga que encontrava e depois mandava-a novamente lá para dentro.
-Oh seu panasca do caralho, achas que vais encontrar aí dinheiro ou ouro? Achas que sou algum velho transmontano que guarda a narta nos sítios mais recônditos? Filho da puta, vais levar tanto nesse focinho vais ficar a parecer um homem à séria!!! - gritei-lhe eu.
-Calma, companheiro, eu sou o Fantasma das Raves Presentes! - disse o gajo num tom dengoso e arrastado.Por momentos ainda pensei que fosse alguma fufa em plena metamorfose, mas nem essas se parecem como aquele espécime de aspecto delicado e lavadinho.
-E foste aparecer aqui por alma de quem? Estás de caganeira ou querias arranjar-te antes de me apareceres? Se és o que dizes, já deves saber que não estou para aí virado.
-Estava ver quais os cremes que usas para a pele, como a hidratas, qual o perfume que usas... essas coisas! Sabes, eu uso uma filosofia muito própria, tipo: "Diz-me como cuidas da tua pele, dir-te-ei quem és!"
-Isso é um bocado rabeta, para não dizer completamente! Estou a ver a ironia da coisa. Primeiro um com aspecto de azeiteiro e traficante, agora um panasca... Mas tu afinal não sabes tudo sobre a minha pessoa???
-Panasaca não, metrossexual... Sei algumas coisas, mas também não sou informado de tudo. De onde venho, o funcionamento não é muito diferente de uma empresa terrena e portuguesa.
-Isso foi um nome bonito que arranjaram para a panasquice. Aliás, isso foi uma maneira de conversão de homens à séria para as práticas sodomitas. Primeiro tornam-se sensíveis e preocupados com a pele, depilam-se e o caralho-a-sete. Às tantas começam a mamar trolhos porque acham que a nhanha do nabo rejuvenece, e toda a gente sabe que gajo que mama pichas também as abafa com o cagueiro. No fundo é uma maneira de começar na panasquice sem o repúdio social que isso acarreta!
-Não sejas homofóbico, isso já está fora de moda. Mas isso não interessa nada, o que venho aqui fazer já deves saber.
-Tenho uma vaga ideia, já sei que vamos dar uma voltinha, só não sei onde, porque agora saio pouco. Gosto de estar perto de uma cama quando bebo e me drogo, e além disso as MILF's que costumo papar não saiem à noite.
-Acabram-se as modelos, não foi? Estás velho...
-Nem por sombras! Continuam a ser modelos, só que dos catálogos da Pré-Natal e da Chicco! Um gajo tem de acompanhar os tempos... E ainda por cima são gajas mal casadas que não fodem em termos desde a noite de núpcias, além de serem mais exigentes e requintadas do que essas pitas em início de carreira nas telenovelas juvenis. Essas fodem-me a droga toda até entrarem em Black-Out o que me obriga depois a dar uma queca numa espécie de cadáver que se vomita, e eu gosto de movimento. Depois tenho de alombar com elas até ao carro e largá-las aí num beco qualquer. É uma canseira e não vale o esforço!!!
-Bem, está na hora de irmos dar uma volta. Desta vez é melhor vestires qualquer coisinha decente, pois eu não gosto de emprestar roupa. Até te ajudo, se for preciso...
-Largueza, espectro apaneleirado... Eu visto-me sozinho, já só tenho roupas da Zara, mas ainda tenho bom gosto... Na medida do possível, é claro, a vida está cara, já não dá para os luxos... E depois já não vivo à conta dos meus paizinhos, e a COFIDIS já não me fia. Já só me resta dinheiro para o básico: droga, alcool, despesas da casa... e uma ou outra puta de quando em vez!
Lá vesti uma roupinha casual, que nos tempos que correm até é fino ir "casual". Raramente destoa e além disso aprendi que isso de boa roupa à noite é um erro, pois há sempre um filho da puta que nos entorna um copo na camisa ou uma gaja qualquer que não engole e deixa-me as calças com nódoas.
-Agarra-te ao meu brinco de brilhantes e vamos embora!
E lá partimos nós em direcção às nuvens, passando pelos gajos da GNR a quem eu prontamente acenei um vigoroso pirete!

29/05/2008

Conto de Natal - parte 4

Estava eu quase ao pé do bar do Chuva e a olhar para o sítio onde isto aconteceu, ao mesmo tempo que recordava a cena dos Poppers, quando dou de caras com um gajo giro a olhar para mim, com uns olhos que pareciam azeitonas. Reconheci imediatamente aquela cara!!! Era eu mais novo, e consequentemente, GIRO! FODA-SE, não só estava a recordar, mas também a presenciar a cena toda... Fiquei baralhado, chocado e desiludido! Afinal o matarroano era eu! Eu vi-me mais velho e não me reconheci!!! Eu vi o futuro naquele passado, aliás, eu vi uma espécie de fantasma e nem me apercebi... Quer dizer, apercebi-me que tinha visto qualquer coisa arraçado de humano, mas longe de pensar que era uma assombração. Passaram-me mil e uma coisas pela cabeça, inclusivé o facto de ter descoberto dois mistérios da ciência: o Deja Vu e a capacidade de ver o futuro, o que explica a razão dos rotos, os grandes consumidores de Poppers, andarem um bocadinho mais à frente em termos de moda. Mas aquilo arrasou-me porque cheguei à conclusão que estou um bocado velho e parecido com aqueles que eu anteriormente abominava. Fiquei ali especado, ignorando a batida sincopada a baixa frequência, uma coisa quase subsónica, que uns diziam que dava caganeira! Claro que esta tese foi tirada da cartola por um anarca flourescente das Goa Trance, e toda a gente sabe que esses indigentes se alimentam de cogumelos... Daí o fedor característico dessas festas! Só mesmo um gajo em constante alucinação para se divertir ao pé de chaparros e urtigas, próximo de uma aldeia no Alentejo sem água e luz...
Comecei a ter uma pequena ideia da razão daquilo tudo, de voltar ao passado, talvez fosse um aviso quanto à minha forma de pensar. Eu sabia que sempre tinha sido um filho da puta irrascível, pedante, arrogante e pouco me faltava para ser monárquico, mas tinha desculpa porque era jovem e rebelde. Agora que era mais velho, era mais moderado e até já começava a considerar que as gentes da margem sul eram de facto, gente! Mas continuava a ser o mesmo sectário, ainda renegava a Amadora e toda a linha de Sintra! Uma pessoa não muda de um dia para o outro, nem toda a gente é a Zita Seabra!
Galimedes, agarra-me no braço e diz-me:
-A nossa visita acaba aqui, agarra-te à pala e prepara-te que vamos embora!
-E vamos embora, assim? E não me dizes a razão disto tudo?
-Acho que já começas a perceber.
-Não me digas que também lês a mente...
-Não, mas até uma cabeleireira conseguia ler o que te ia na alma, por causa da cara que fizeste quando te estavas a ver mais novo.
-Mas não há mais nada que me queiras dizer?
-Há, mas digo-te depois! Após estes anos todos ainda não aprendeste que é impossível ter uma conversa num antro destes? Ou já não te lembras das canções do bandido abreviadas que cantavas a gritar aos ouvidos das matulonas, e mesmo assim, elas não entendiam metade?
-Sim, sim, sim... Estou a começar a ficar fodido porque hoje já dei razão vezes demais a um gebo com aspecto criminoso! Só o faço porque não és terreno, e mesmo assim... Não tarda estou a ficar comunista, a ter um estômago de ferro e começo por aí a fingir que dou razão aos pobres, oprimidos e desfavorecidos...
-Vá agarra-te à pala traseira do boné que nos vamos daqui!!!
E lá partimos nós a voar em direcção às luzes psicadélicas a alta velocidade e em segundos tudo se tornou nublado à minha volta. Passámos novamente pelos Geninhos a flashar no vazio e a gritar para o nada: "Os xeus doucumuentos e os da biatura, faxabôr!"
-Oh Ganimedes, as "ratazanas" estão aqui a fazer o quê?
-Eles estão na eternidade a repetir esta merda, até emagrecerem e ficar com um sotaque português. Acho que nenhum saiu daqui até agora...
-Porreiro, eu vou ficar uma eternidade na droga, no álcool, no pinanço e a fugir dos cobradores estatais e privados...
-Isso logo veremos, olha que ainda podes começar a levar uma verdadeira e subserviente vida de casado!
-Porra, não me rogues pragas. Olha que só casei porque há dias em que não tenho nem disposição nem sexappeal de engatar coirões devassos! E como sou bipolar, às vezes sinto-me deprimido e tenho uma panca por foder suburbanas como forma de auto-mutilação. Além disso é mais barato que uma mulher a dias e uma ida ao ginásio para treinar artes marciais! Quando acabei de dizer isto, já estava a entrar pela puta da janela de casa, todo nú. A porca ainda ressonava como uma pessoa, tal era o feitiço, acho mesmo que ela nem se mexeu durante a minha ausência. Um milagre, pois a puta a sopeira só era irrequieta quando ferrava no sono, porque quando lhe mandava para os fundilho, a gaja parecia uma estátua. Por algumas vezes ainda lhe tentei dar uns choques com o "TASER", mas a cabra conduz corrente e acabei por queimar a capeça do marsápio, o que me valeu uns dias sem foder em condições. Ganimedes, olha-me nos olhos e diz-me:
-A minha missão está cumprida. Agora vais adormecer, e mais tarde irás ser abordado por um outro camarada meu. Segue-o como seguiste a mim...
E desvaneceu-se ali mesmo, tipo aquela merda do "Star Trek" ou daquele programa reles da SIC, o "Ponto de Encontro". Era mesmo parecido, porque aquilo fez uns efeitos marados, tipo estrelinhas, e os que apareciam ou desapareciam tinham um aspecto do outro mundo ou de animais. Ou mesmo ambos, no caso do programa da SIC. A única coisa parva que não aconteceu, foi efeito sonoro! Foi silencioso! Quando me preparava para dormir é que me lembrei de um facto curioso, foi a primeira vez na vida que saí para a gandulagem e cheguei a casa sóbrio, pois esqueci-me de pedir ao Ganimedes uma gramita de coca DIVINAL. Mas também, aquilo não foi propriamente uma diversão.

28/05/2008

Conto de Natal - parte 3

Entrámos pela porta, passei pelo porteiro fininho e ainda lhe tentei dar um biqueiro nas canelas, visto eu ser agora um tipo de super-heroi transparente, mas não resultou. Tal como nos filmes, o meu pé trespassou as canetas do filho da puta e eu fiquei puto da vida. Ainda tentei imitar os filmes, fazendo muita força ao pensar, mas a única coisa que saiu foi uma bufa. Mesmo assim fiquei contente porque comecei a olhar para o gajo e ele torceu o nariz com um ar agoniado e exclamou:
-Quem é que foi o podre que se cagou?
Anuí lado a lado com o Ganimedes por aquela entrada majestosa, subimos a rampinha e virei à esquerda, tipo em piloto-automático?
-Onde vais? - perguntou o espectro
-Vou deixar o casaco!
-Foda-se, mas tu estás parvo? Cá para mim tu estás mas é com saudades do Óscar, o bicho androgena do bengaleiro...
-Hiiii, esse... Desculpa, ia novamente em piloto-automático
-Em vez de fazeres agulha em direcção ao "privado", babar-te com a Isabelita, a gaja
de cabelo preto para quem tu te babavas a micar as mamas, não! Vais matar saudades do panasca!
-Oh pá, mas ele até era um gajo fixolas...
-Era porque eras gajo!
-Tens razão. Vamos lá ver a grossa!
Assim que entrei pelo amplo espaço do privado, Isabelinha dos cabelos pretos à Cleopatra já estava a encher unhas, com o seu vestidinho preto muito decotado, bamboleava o corpinho de tez clara, enquanto o Pedro Lata, dançava uma espécie de dança da chuva misturada com o twist, em cima do balcão! Que saudades meu deus!
-Olha lá, tu deves coonhecer este gajo lá do Limbo, ou o gajo foi para o inferno?
-Naaaa. O gajo tá no paraíso, sabes? Mesmo com a vida devassa que levava fez muitos amigos cá em baixo! E isso valeu-lhe a eterna GOA!
-Foda-se, teve sorte, o gajo! Bem, e agora?
-Agora vamos circular...
-Porra, é mesmo à Tony. Sempre a andar às voltas pelo recinto a micar os mais bezerrados para os catar.
-Não, vamos ver uma pessoa...
-A sério? Vai ser difícil, isto parece ser uma noite de Sábado e a única coisa que vi foram os trastes do costume, tirando o Lata vestido como um palhaço da Tété e a Isabelinha com as suas insinuações lesbianas para a Sandra, a outra mais tronxuda... Com essa tive eu uma picardia dos infernos, mas depois fizemos as pazes. Mas a Isabelinha é que me enchia as fantasias...
-Vá, buga lá antes que fiques aqui a babar-te como um velho narsa e rebarbado como aqueles que tu davas com os cotovelos nos costatos! Lembras-te?
-Foda-se, os gabardinas!!! Então não lembro? Faziam-me comichão, esses tristes, sempre a roçar-se por detrás das moças que estavam na pista a curtir! À pala deles também saquei alguns nacos, numa de bom samaritano e tal, espantava os gajos, dizia às tipas para fingir que estavm comigo que o gajo bazava. Elas agradeciam por palavras e mais tarde, com alguma sorte, com o corpinho. Eu tinha a mania que era um gajo justo, altruísta e samaritano, mas no fundo era um filho da puta de um biltre igual aos outros. Tinha era mais classe e não era garganeiro. Conquistva pela simpatia, pelo desinteresse em futilidades, e claro está, conquistava também pela boa droga que oferecia quando tinha a certeza que o agradecimento se aproximava, ou seja, quando as minhas mãos já não sentiam o tecido...
-Já estamos a chegar a algum lado. Já começas a perceber a finalidade disto tudo.
-Eu não, estou só a ter um momento de nostalgia. Faria tudinho igual! Ehehehehe!
-Vamos ali ao pé do bar do Chuva...
-É só artistas, hoje..!
E lá fomos nós ao barzinho mais pequeno do Templo, o bar do Chuva, esse local de encontro da sub-espécie mais pesada, os gajos mais velhos e batidos nas negras artes notívagas. Aliás, recordo-me um dia em Dezembro em que estava mais um amigo e colega de trabalho, um tipo de Cascais 5 estrelas, quando o gajo exclama apontando para o bar do chuva:
-Está ali o meu tio com os amigos! Embora lá falar com ele!
-Estás doido? Não vês que estou com os olhos a parecerem faróis de nevoeiro, e estou a remorder-me todo? O gajo vai perceber que estou um bocado drogado, isto é se não perceber que estou todo e até cima!!!
-Não há crise, o meu tio costuma ter boa coca...
-Ganda tio... - exclamei eu todo contente!
O tio dele era um tipo normal de Cascais, quarentão, boa pinta, e low profile. Estava com os amigos e amigas da mesma faixa etária e também sem levantar grandes ondas. Mas estavam animados entre eles e parecia haver uma certa cumplicidade que eu apreciava.
-Tio, tás por aqui sacana? - disse o meu amigo - Sabes, estou aqui com este meu colega e ele estava aflito em vir aqui porque estava com medo que tu achasses que ele está completamente estricado!
-E está? - perguntou o tio
-Está, não, ESTAMOS!!!!
-Fazem bem rapazes, a vida é curta...
-Tio, tens alguma coisa para o teu sobrinho do coração?
-Calminha chavalos, a noite é longa...
Palavras sábias aquelas, era um tipo da velha guarda, aqueles que pintavam a manta e ninguém topava nada! Aquilo que o gajo queria dizer é que ainda acabariamos numa urgência com uma crise renal, o que era comum em adolescentes marretas que se punham a meter pastilhas como se fossem sugus e a beber água como um peixe. Esses fedelhos eram aqueles que tentavam dançar aos saltos, histéricos, a falar comiam as palavras, mordiam-se todos até fazer sangue. Normalmente vestiam-se à betinhos, todos iguais, tal era o hábito dos colégios católicos, com aqueles polos da Amarras pelo pescoço, as pulseiras feitas de o-rings de borracha, calças 501 esgaçadas, camisinha aos quadrados... Pareciam todos irmãos gémeos, clones do caralho. Queriam ser homens, os palhaços, mas a única vez que sentiam os braços de uma gaja era quando a amiga mais velha e que os tinha trazido numa saída, os levava de rastos até ao táxi. Tenho-lhes alguma raiva porque me deram cabo de uns caldinhos com as amigas deles, tipas quase por estrear egostavam de, pelo menos uma vez, foder com o povo...
Juntámo-nos ao grupo do tio do gajo e os gajos começaram a dar lições de moral, mas nada do tipo moralista a sério, era um mais uma espécie dogma nocturno, código de conduta, em que tinhamos que nos afastar dos holofotes, destacar pela nossa sobriedade, mas sempre nas nuvens, sempre senhores de nós próprios e nunca andar a cambalear. Às tantas o tio dele perguntou-nos se queriamos Poppers. Eu, ainda a medo questionei-o se aquilo não era coisa de rabetas, mas ele disse-me assim:
-Oh pá, isso são pré concepções de adolescente na puberdade! Droga é droga!
-Oh pá, então quer dizer que também aceitas a ganza nesse rol...
-Não exageremos... Pronto, há coisas que deves evitar! Também não devemos ser extremistas...
-OK. Eu nunca dei nos Poppers, mas que se foda...
-Poppers, no máximo duas ou três cheiradelas por noite, senão ficas todo cozido. Não faças como aqueles barrascos de Chelas que andam com um lenço empregnado e cheiram de 5 em 5 minutos! Até te nasce uma pala trás da cabeça e, posteriormente, o chapéu completo... E olha que isso é irreversível. Também ficas com o instinto de marcar o território com saliva, o que te faz cuspir de 10 em 10 minutos, mesmo a dormir... Por isto tudo é que vos aviso: cuidadinho...
E lá dei eu uma bombada no frasco... Assim que inspirei, senti tudo a desaparecer à minha frente, todas as cores se misturaram e criaram uma espécie de paleta de gouache toda rabiscada. Pelo meio ainda vi a cara de um gajo que me parecia ser de um matarroano que estava enganado no dia. É que aquilo à Quinta Feira era a noite do estudante. Era hábito os palonços universitários que não eram da Capital irem para ali emborrachar-se em cerveja até cair... As palonças eram mais recatadas e mais finas, até se atreviam num ou outro vodka, os que as tornava um bocado libertinas e nessas alturas cagavam no Felisberto que tinham deixado na terrinha e a quem tinham jurado fidelidade eterna depois do gajo a ter conseguido papar numa capoeira. Quando descobriam realmente o prazer da carne, tornavam-se numa feras indomáveis. Eram meninas da aldeia, mas fodiam como as da cidade!

27/05/2008

Conto de Natal - parte 2

Num instante, chegámos às nuvens, e assim que entrámos nelas, vi tudo branco, tipo anúncio da SKIP ou coisa do género. Mas foi por breves instantes! Comecei a ver flashes que quase me cegavam a visão e exclamei:
-Oh Fantasma, não me digas que não te lembraste que podiamos apanhar trovoada! Olha que sou apenas Humano... Ou então já estamos numa rave qualquer... Mas não ouço música, apenas o som da brisa primaveril a bater-me nos coiratos!
-Calma, tem calma! Já lá chegamos. Estamos a atravessar o Limbo da GNR, e aqui os gajos ainda não perceberam que não há velocidade limite e insistem nos Radares! Tem paciência! A pressa é inimiga da perfeição. Pergunta aos gajos que sofrem de ejaculação precoce!
Passámos aquela merda e começámos a cair do céu, e comecei a ficar assustado. Foda-se, ainda pensei que iam dar comigo estatelado no meu da rua, todo nú, ainda por cima com uma companhia dantesca! Fechei os olhos, reacção normal, pois sou apenas um Homem! Enquanto caía, comecei a ouvir um som baixinho a aumentar de volume, Era-me familiar! Em tempos até gostava daquela merda... Reconheci quando se tornou mais alto. Era uma música dos Kult of Krameria. Sempre com os olhos fechados, finalmente cheguei ao chão! A aterragem não foi das mais suaves, mas mesmo assim não fiquei esmerdado nem parti nada, apenas um bocado dorido, tipo como se estivesse poder de bêbado, caisse e só depois de ver o mundo de pernas para o ar, desmaiar! Mas neste caso não desmaiei. Levantei-me do chão, abri os olhos e vi onde estava! Tinha voltado ao Kremlin!
Estava mais descansado, pois já estava vestido. Usava umas roupas daquele tempo, roupas que um dia chegeui a usar. As calças cinzentas da Cheyenne, tipo fazenda, quase veludo! Uma camisola da Frederick Holmes, em malha, com as mangas em lycra, toda azul, apenas com umas riscas amarelas a fazer lembrar uma sinalização das curvas apertadas das estradas secundárias... Carinhosamente chamava-lhe "a camisola da BRISA". Calçava uns Ténis pretos, tipo camurça, da Sketchers. Enfim, tudo roupa que um dia usei! Eu sei, eu sei... um bocado abichanado, mas na altura era o que as pessoas usavam! Pelo menos eu usava, e o gajedo gostava de passar a mão naqueles tecidos agradáveis ao toque e, consequentemente acabariam por passar a mão no nabo sem grandes conversas! O ecstasy fazia milagres...
Lá no Kremlin estava tudo doido, tudo ao mesmo ritmo, tudo de garrafa de água na mão. A garrafinha, esse ex-libris dos 90. Era ouro, a água! Os filhos da puta cortavam-na nas casas de banho a partir das 2 da matina, e cobrando 700 paus por uma garrafa de 1/4 de litro! Estavam lá todos: os travecos, os blacks dealers que vendiam uma mistela em que o ingrediente principal era SKIP e faziam-na passar por pastilhas, as modelos dos catálogos do Continente que se achavam umas Top Models mas que se dissessemos que trabalhavamos em televisão e tinhamos coca, alinhavam numa festinha a três "no questions asked", as quarentonas divorciadas paponas de putos na pujança da idade e do speed, os velhões panascas refundidos na zona escura do pardieiro a micar os putos, os gunas de Chelas e a sua mania dos apitos de árbitro... Até vi o bombado do porteiro da altura com as calças de fato treino vermelhas da Adidas com os seus ténis Assis Tiger amarelos, e casaco de cabedal!
-Oh meu, leva-me daqui! És mesmo sumítico, mais um cochinho e estavamos no Alcântara!- disse eu ao espectro!
-Desculpa, é a força do hábito, sabes? Nós funcionamos como os pombos, onde quer sejamos largados, voltamos sempre à pócilga das nossas gaiolas! É por isso que os meus semelhantes mortais têm uma taxa de reincidência criminal muito grande!
-Logo vi... só faltava mesmo era parares pelo caminho para ires à Caravana dos Hot-Dogs aqui ao lado.
-Pois, tens razão! Caga nisso, vamos mas é embora ali ao Alcântara!
E lá fomos nós a voar pela 24. Aquilo para mim já não era novidade, pois uma vez, eu e o JR vínhamos de Cascais, na sua GSXR 7 e meio, onde tínhamos comprado Ácidos, e pensámos que estávamos na AutoBahn. Era isso e porque ele apostou comigo que a mota dele eram daquelas da Galática!
-Em segundos, estávamos na Travessa da Cozinha Económica. Insisti em pousarmos porque queria ter aquele flashback de ir pela rua a pé, passar pela porta da maralha, virar à esquerda e dirigir-me à porta dos cartões... Aquela merda, mesmo depois destes anos todos até o fazia de olhos fechados. Assim que dobrei a puta da esquina, quem eu vejo à porta? O gajo fininho que me conhecia de jingeira mas que não ia com a minha cara e fazia sempre a mesma pergunta:
-Tem cartão da casa?
Foda-se, o cabrão tinha algum fetiche retorcido em me ver sacar o cartão preto. Ou isso ou o gajo tinha um prazer mórbido em dizer "faxavor" contrariado! Todos os dias era a mesma merda! Estes gajos da noite têm mesmo pancas maradas! Eu também as tinha, mas considero que eram as vulgares de lineu, ou seja, gajas a régua e esquadro que não eram fufas mas que de quando em vez gostavam de uma palhaçada lésbica! Não, não eram tipas da maçonaria, eram gaiatas com as medidas de sonho!
-Oh fantasma, olha que o gajo vai me pedir cartão, e a ti, simplesmente se ri, a não ser que esta seja já aquela época decadente do Alcântara em que se transformou no salão de baile do Sacavenense!
-Não te esqueças que ninguém nos vê.... Já agora, trata-me por Ganimedes!
-Gani quê? Esse gajo não era um gajo do tempo da grécia antiga?
-Ya!!! Foda-se, e o chunga burro sou eu? ZEUS é o meu patrão, e se tu não te armasses aos cágados com essa merda da classe, saberias que o meu chefe, o ZEUS, chutava com os dois pés! E um dos amantes do gajo era precisamente o Ganimedes! E o gajo acha que sou parecido com ele...
-Mas vocês não têm sexo...
-Esqueceste-te do "pouco" antes do sexo. Porque achas tu que gosto de andar a voar? Lá de onde vejo também temos Citroenes Saxo verde alface com lâmpadas do talho por baixo, mas passar pelas lombas torna-se doloroso para mim! Já bem me basta a vergonha de me parecer com um jogador da bola da terceira divisão com mau gosto! Ups, perdoa-me a redundência...
-Poupa-me lá os promenores sórdidos, já tou a ficar enjoado! Buga lá para dentro que estou a ficar impaciente...

25/05/2008

Conto de Natal - Parte 1

Noite de sábado para domingo.
Estava eu a dormir, depois ter mandado a trancada semanal a que o estatuto de esposo me obriga, quando de repente, me entra um gajo pela janela, a voar. Vestia calças azuis berrantes, uns ténis All-Star amarelos, uma t-shirt fluorescente com um Smile, óculos escuros com lentes azuis e um boné à guna. Na mão trazia uma pequena garrafa de água, mascava uma pastilha frenéticamente e abanava a cabeça com uma cadência 4/4 perto das 140 BPM's... Levantei-me num ápice e dirigi-me ao local secreto onde guardo a fusca. Por momentos ainda pensei que tivesse morrido e aquilo era a MORTE, mas achei que era de mau gosto mandarem um anjo tão manhoso e chunga! Afinal, eu nunca tive qualquer relação com as gentes de Chelas! Além disso o gajo não tinha asas nem nenhuma aura, apenas um cheiro a suor e a única coisa parecida com luz que eu via era uma daquelas barrinhas fluorescente que se partem, abanam e dão luz durante 12 horas, que estava pendurada ao pescoço do gajo! Ainda pensei que fosse uma nova forma de abordagem radical dos Jeovas, mas como o tipo estava sózinho e não trazia revistas caguei nisso.
O gajo, ao ver que estava ali em pânico, a ver se encontrava a canhota no esterco que é o meu armário, apressou-se em desfazer-me as dúvidas:
-Eu sou o fantasma das Raves Passadas!!!
Fiquei abismado, caguei na fusca porque já aprendi que os fantasmas estão-se a cagar para tiros, facadas e porrada! Aprendi à custa de muitos filmes manhosos... Fiquei também apreensivo porque aquela merda era-me familiar, já conhecia aquela lenga-lenga de algum sítio.
-Venho aqui com uma missão! Tens de tomar consciência para onde caminhas. Eu vou ajudar-te!
-Oh meu chunga de merda, quero lá saber se tu és alma penada! Põe-te mas é nas putas antes que a patroa acorde. É que se isso acontece, eu vou ter de dar mais uma berlaita e não estou para aí virado! Eu não aguento carinhos depois da foda duas vezes no mesmo dia... Além disso ando todo fodido da picha, porque a Esmeralda, colega lá do trabalho, gosta de fazer bicos depois de almoço mas ainda não aprendeu que os dentes não são para entrar na festa! Já me custa a obrigação de uma ao fim-de-semana! Se eu falho essa merda ainda tenho filhos pretos!
-Está descansado, só tu me podes ouvir e ver... Além disso enfeiticei a tua mulher com a magia dos Valliuns!
-Oh pá, já estás a subir na minha consideração. A continuar assim ainda sou capaz de te ver como um Humano e não apenas como um gajo da Zona J! Mas diz-me, o que raio é isso de seres o fantasma das Raves Passadas? Vens cobrar a minha alma por um dia ter metido pastilhas e fumado uma ganza, no beco atrás do Alcantara-Mar? Eu sei que foi uma atitude chunga mas eu andava desenquadrado e sozinho. Eu sei que a única coisa que se mistura com MDMA é cocaína e champagne. Mas naquele dia cedi! Tinha de ver como era o outro lado. Tinha que, pelo menos uma vez, ver como era a noite pelo prisma de um calhau! Não bastava fazer-me acompanhar deles! Tinha que ver o que eles viam! Além disso estava deprimido e sem guita! Eu sabia que naquele dia não iria comer nenhuma modelo que faria uma mamada por uns riscos de branca. Nesse dia sentia-me quase um suburbano adepto de futebol, tremoços e imperiais!
-Nada disso! Não venho cobrar nada, apenas te venho levar a dar uma volta ao passado. Para recordares as Raves dos anos 90.
-Foda-se, não me vais levar a nenhuma matiné de província onde achavam que "2 Unlimited" era techno pesado. Nem me vais levar de volta ao Sudoeste, aquele antro no Bairro Alto, embora eu tenha boas recordações desse tempo, ainda tenho um quase trauma de infância com Catarina Gorda, a fufa da porteira que desatinava comigo! Se me queres levar ao passado, larga-me numa daquelas orgias em que estive e pouco me lembro!
-Naaa... Vou levar-te a um sítio que te era familiar e passaste bons momentos! Além disso o Sudoeste era nos anos 80! Eu sou o fantasma das Raves Passadas, não o Fantasma da Triste Época do Acid House! Sou chunga, mas também tenho alguns limites quanto ao mau-gosto!
-Yuuupiiii! Ao beco do Alcântara-Mar, aquele de que falei há um bocado! E se tu tens poderes sobre-naturais também podes arranjar boa branca!
-Também... Agarra-te ao meu boné mágico da Nike!
E lá me agarrei à pala do chapéu à guna do gajo de Chelas... De repente saímos a voar janela fora, em direcção às nuvens! Só aquela coisa de ir a voar já me estava a fazer recordar uma vez que meti Ketamina a julgar que era Cristal! A única cena chata era que o gajo não me tinha dado tempo para me vestir, eu eu costumo dormir nú! Eu rezava que ninguém me visse naqueles propósitos ainda para mais agarrado à pala do chapéu de um gajo chungoso e borbulhento. Mas também, eu vivo num dormitório urbano... Quem haveria de estar acordado aquela hora? Até achei que o facto de ir a voar era secundário! O que achei mesmo surrealista era fazer-me acompanhar com uma espécie de sub-espécie, ainda para mais, todo nú!!! As únicas vezes em que isso aconteceu, estava ser assaltado, tirando a parte do nú, está claro...

22/05/2008

Copia essa merda e cala-te...

Acéfalos espécimes que mandam, têm eles a capacidade de pensar e decidir! Ou serei eu o ser desprovido de inteligência? Talvez, já não sei! Eu tento, bem que tento fechar os olhos à ignorância, ao torpor da gentalha hipócrita! Mas custa-me... Temos o que merecemos, é assim que rezam os antigos!

País de merda, gente de merda, sempre orgulhosos de feitos e glórias quinhentistas, mas que agora chama à "Portuguesa" a música da selecção, que acha que ser "afectivo" é uma profissão, usa a matemática apenas para programar férias, folgas e baixas de acordo com feriados e pontes... humanos estúpidos e perigosos estes! Dói-me o estômago, dói-me os dentes de tanto os cerrar. O melhor a fazer é manter-me no anonimato, silencioso no meu canto, fingindo a burrice, seguindo o pastor cegamente e respeitando o ladrar do cão... mas tenho a lã escura! É a minha natureza, e contrariar isso é negar a minha existência, o meu livre arbítrio de pensar! Apenas o faço por necessidade de terceiros, mas o corpo dá sinais de si, é preciso mudar, à força ou pela força!
Custa assim tanto pensar, idealizar e inovar? Eu também não gosto de trabalhar, perca de tempo nesta curta vida, mas se tenho que o fazer, ao menos que tire o proveito, tenha a glória e tenha orgulho nisso, que o faça com o mínimo de prazer!

Deus manda, tu fazes, temos papel para vender! A sopa de letras tem mais nexo que esta merda! Há ali papel higiéncio usado, é para copiar também? Vende-se gelo a esquimós, vende-se areia tuaregues, censura-se quem fala mal da manada de lá, chupa-se as pilas dos chefes da manada de cá! Brochistas!!! Os pretos não são gente, os pobres são feios, os de direita são fascistas, os de esquerda não têm classe, a realidade não usa "Armani"!!! Chefe, chefinho da manada, determina mais alguma coisa?
E queixam-se do governo, dos impostos, da conjunctura, apontam erros, apontam defeitos, dão bitaites de entendidos "se fosse eu, chegava lá e fazia assim...." expressão tacanha de quem foi sempre um inútil. Temos o que mercemos, país de merda, gente de merda.

19/05/2008

O copy/paste e os dealers da EDP

Eu gosto de andar de comboio! Eu gosto de ler enquanto ando de comboio! Eu leio aqueles pasquins à borla de nascem nos assentos dos comboios! Eu conheço jornas, de esquerda, que são de uma elite que não anda de comboio! Eu conheço jornas que não aceitam os pasquins à pala porque isso representa a quase extinção do seu "posto de trabalho"! Eu conheço jornas que acham que aquilo não é escrito em termos e é um atentado à "classe"!

A diferença entre um jorna normal e um jorna dos gratuitos, é que o primeiro domina a arte do copy/paste, já o segundo é um massarro!!!

"Uma descarga eléctrica de alta tensão matou, em Braga, um homem que havia arrombado a porta do posto de transformação da EDP no bairro Santa Tecla. As autoridades suspeitam que
a vítima, que era toxicodependente, terá arrombado a porta do posto da EDP alegadamente para furtar cobre ou procurar drogas."

in Global Notícias 19/05/2008 - pág 8

Os meus pais, quando eu fui para o primeiro ano do ciclo, avisaram-me:
-"Cuidado meu filho, não aceites doces dos senhores que estão à porta da escola! Aquilo tem droga..."
Eu sempre andei à procura dos gajos na esperança de uma borla... mas em vão! Tive sempre que pagar por ela.... Agora já sei onde a podia encontrar!!!
Porque raio não fui eu para electricista?

p.s. sim, sou um gajo que gosta de tudo à borla, e depois?

18/05/2008

Coprolália

Fodem as abelhinhas
Fodem os cães
Fodem os passarinhos
Fodemos Nós...

Gostamos de foder, pois então
Foder até mais não
Foder a vizinha, foder o padeiro
Foder a vida, foder dinheiro
Fodemos por prazer
Fodemos porque queremos
Prazer mórbido, prazer primário
Prazer de foder as trobas ao Zé
Enquanto lhe fodemos a mulher
Fodemos carros, fodemos putas
Fodemos o mundo, com gana e tesão
Sem foder é que não...
Fode o padre, o menino
Fode o patrão, o empregado
Fode a empregada, o patrão
Fode o pai, o filho
Fode também a mulher
À força do seu desejo
À força da sua força
Fode-le as fuças, fode-lhe a alma
Havia de ser fodido sem dó nem piedade...
Fode o presidente, fode o secretário
Fodem meia-dúzia de iluminados
Adoram foder 9 milhões de desgraçados
Fodem os árbitros, a fruta
Fodem também a animação
Haviam de ser fodidos com a mesma ambição
Fode meio mundo o outro meio
Anda meio mundo fodido
A foda desta vida
É querer foder e não poder
Ter guita é foder
Não ter é ser fodido
Se queres muito foder
Fode a tua mão

Fode muito, muito mesmo
Fode com paixão
Fode com alma, fode com calor
Deixa-te foder por quem te quer foder
pela mesma razão!






Só não digo "foda-se" porque não gosto de ordinarices!!!

14/05/2008

Rumble Fish

"...este fica..."
O cinzento, esse tom que todos nós damos como certo, que o vemos, que mesmo o mais daltónico o distingue, é tão obscuro e fascinante para mim!
Certo dia fiquei intrigado com uma doença rara que desconhecia por completo, a incapacidade de sentir dor. Como será que assim se vive? Como se aprende o que magoa? A dor é indispensável à sobrevivência, é o sinal de alarme de que qualquer coisa nos pode lixar... É A RAZÃO DO MEDO!
A intriga surge por isto mesmo porque estes doentes têm que forçosamente aprender um conceito estranho, têm eles próprios que inventar um limite, têm que ser iguais entre iguais! Mas é falso, cheira e sabe a falso! E assim entendi o inferno do que levar uma vida teatral, o fingimento... e isso tolda-nos! Não que padeça desta mesma doença, antes pelo contrario, sou um parido dos diabos! Mas compreendo-os de certa forma....
No meu caso concreto, a questão não é tão física e directa, não me afecta a integridade, afecta-me sim a capacidade de decisão!
Para mim, a expressão "não é tão linear assim" não faz qualquer sentido, é vazia, não existe! Sei o que significa, também aprendi por força, ou melhor, à força, porque é o senso comum que impera, não quero andar desenquadrado! Mas ando....
Só vejo o Preto e o Branco, não há cá "zonas cinzentas", ou sim ou sopas, ou oito ou oitenta, ou vai ou racha... e outros adágios populares. Sou assim, não porque queira, apenas sou. E isto afecta-me socialmente, familiarmente, inconscientemente, fisicamente, visceralmente... Cerro os dentes e os punhos com a mesma facilidade com que sorrio
Mas como os outros, também eu "aprendi" a conhecer o intermédio das coisa, aprendo a controlar a dor do torcer do braço, mas não quer dizer que as compreenda, que as aceite! O meio-termo faz-me asco! Irrita-me! Soa a hipócrisia, a falso! Será que não entendem ou serei o único iluminado? Finjo não perceber o fim, apenas a intenção. É assim todos os dias. E calo-me... Como eu detesto ter razão!!!
Reflete-se no meu próprio ser, pois faz de mim uma coisa hedionda, radical e extremista! Mas não sou. Eu tento, eu represento, eu finjo ser o que não sou, finjo ver o que não vejo, finjo perceber o inconcebível, sinto-me só por vezes...
Tentei eu ver, pelo menos, o sacana do peixe vermelho, mas nem nisso encontrei o meio-tom... Tudo é antagónico! Tudo é contraditório! Que luta infernal!

Apenas tento viver o máximo na zona branca enquanto caminho a passos largos, e aterrorizado, para a zona preta. Sou incapaz de perceber que estou no cinzento e isso molda-me, afectando por vezes uma insignificante tomada de posição mais branda, mais moderada! FICO IRADO! Moderar o quê? Por muito que tente, sou mau actor, não acho o fiel da balança, chego mesmo a ser MAU. Apenas acabo por representar o célebre personagem do conto de fadas...
Mas também sou bom, bom demais, complacente e terno! Também tenho a capacidade de chorar, da inépcia e da letargia.Mas tudo são extremos. Não me defino, ando numa luta constante com o mundo... Ou será como o peixe que, quando vê a sua imagem reflectida, investe de guelras arqueadas? Quererei eu impor o meu território, a minha vontade inabalável, o meu pensamento linear? No fundo, até agora, continuo a marrar contra o espelho, contra a minha própria imagem, enquanto represento um filme fraco, cheio de falhas de argumento.

Assim sou eu, o Preto acre das bolinhas que sabem a podre, quase que execráveis mas apenas acessível a alguns, que se mistura com o fofo creme Branco-alvo, quase que angelical, mas que não passa de uma reles e malfadonha mistura de elementos pouco nobres e apenas possível pelo poder da física e química, na vã esperança que dê um Verdadeiro cinzento.

08/05/2008

O revivalismo de modas passadas ou a auto-flagelação! Ou ainda: "não me apetece editar o post anterior"

A Ritalina, a Cocaína, a Fluoxetina, a panasquice, o Salazar e os piercings são merdas de outros tempos que causavam uma certa agitação ou um certo repúdio!
Hoje é moda e fica bem dizer que se gosta pelo menos de uma delas....

O revivalismo de modas passadas ou a auto-flagelação!

As calças à boca de sino,o Camilo de Oliveira, o swing, o Nelson Ned, a Vila Faia, as Doce, o Santana Lopes e a trepanação são algumas das merdas de outros tempos voltaram a estar na moda.

Estaremos com uma crise criativa? Será mesmo que a minha geração afinal é mesmo rasca? Talvez, mas aponto mais para preguiça de inventar novas parvoíces que não sejam baseadas em tecnologia de ponta ou de ré (vulgo de merda)!
Inventem qualquer coisa para que os meus descendentes tenham uma referência qualquer, para que possam dar continuidade à tacanha expressão"...no meu tempo...". Sim, essa mesma expressão de outros tempos, mas nunca saiu de moda! Essa já quase que paga imposto sucessório. É transmitida de pais para filhos quer seja por meio de palavras ou de um valente enxerto, prevalecendo sempre com firmeza e nunca deixar de ser moda! Que iremos desenterrar nós amanhã? A PIDE? Olhem que Alberto João vai ficar sem nada para a fazer...Mas também já não há jornas, apenas estagiários e os comunas já vestem Armani, por isso tinham que ir malhar noutros lados...
A continuar assim ainda vamos acabar no canibalismo, na monarquia e na zoofilia, sendo que esta última ainda se mantém num pequeno reduto Luso... ali para o Noroeste, mas isso também tem uma razão de ser. São as consequências da consanguinidade e de um grau de parentesco chamado pai-tio.

Vamos todos criar uma nova moda: a Terças -Feiras Negras!!! hã...? O quê? O pão está a QUANTO???? Foda-se, foi rápido....

06/05/2008

A morte previamente anunciada.

A Gabi!
Ela tinha cerca de 30 anos quando a conheci. Eu tinha 18. Rapariga de família normalíssima, abastada, coesa e nada disfuncional. Em novinha conheceu um gabirú que seguiu cegamente, exceptuando no acidente de mota que lhe ceifou a vida. Poupou-o à agonia! A Gabi teve como herança do seu namorado o vício da heroína e a SIDA! A Gabi era um farrapo humano em recuperação, mas apenas por frete, por amor à família, para os poupar da melhor forma a um fim mais do que certo, a um fim nauseabundo para quem vê!!! A Gabi decidiu ser uma rapariga da família, do vício, da recuperação com conta peso e medida... Afinal nada nem ninguém lhe poderia fazer mal. Ela sentia-se intocável! A primeira vez que vi alguém caldar, foi a Gabi. Foi um misto de curiosidade mórbida com terapia de choque... Por azar a seringa entupiu! Ao tira-la da veia, o sangue salpicou tudo em redor da Gabi. Por momentos senti um arrepio, pensado que tal não seria normal... - "Venenoso..." - foram as últimas palavras que balbuciou antes de olhos revirarem e entrar naquele torpor, que para ela era tudo!!! Era tudo o que lhe restava! Estava eu, o J.R. e a Gabi. Ela bebia uma cerveja em lata... Eu peguei na cerveja dela e quando me preparava para dar um gole, ela solta um estridente e assustador -"NÃO FAÇAS ISSO... Oh estúpido, olha que eu tenho SIDA!-" Fiquei gélido! A minha cabeça foi assaltada por mil e uma reacções, mas nenhuma saiu... apenas disse: "...não sabia..." Naquele momento percebi a Gabi!!!
Deixei de saber da Gabi pouco tempo depois, nunca mais soube dela. Possivelmente já dança ao som do piano. Não sei... Foi uma pessoa que passou por mim de raspão, mas que me marcou muito. Foi a primeira em que vi o cavalgar sacana em plena acção, foi o primeiro "venenoso" que conheci.

Hoje vi isto e lembrei-me dela!


Dorme Gabi, dorme...

05/05/2008

O despertar do mau gosto que há em mim

Ando a dar comigo a mirar aquelas gajas chungas, de aspecto fácil e ordinário, aquelas que têm escrito na testa "10 rosas", formigas de Shopping Center. Aqueles vacões desmiolados que só se preocupam com a roupa berrante cheia de purpurina, que apesar de terem uns 20 quilos a mais insistem na calçinha de cintura descaída, em que o cinto é tapado pelos pneus, que mais parecem coiratos crus, daquelas que dá vontade de foder à bruta e chamar-lhes nomes...
Será o despertar do camionista que há em mim??? E eu que até sou um gajo romântico e sensível...
Vou ali num instante por dedos na tomada eléctrica a ver se passa!!!


p.s. desculpa lá, mas foi um desabafo.

Ninguém mexe, isto é um assalto!!!!

Respiro fundo numa de ganhar coragem, miro a porta ao longe, faço uma breve "check list" mental aos procedimentos que anteriormente tinha ensaiado, meto a mão ao bolso a verificar a pistola e finalmente arranco em direcção ao outro lado da rua. A 3 metros da porta baixo o gorro, sempre mantedo a cadência acelarada do passo. Assim que lá entro, o gajo atrás do balcão olha-me para os olhos com um ar de terror como se estivesse frente-a-frente com a Roçadeira Cabrona. Nesse mesmo instante miro-lhe a puta da pistola mesmo entre os olhos, na chamada "zona vermelha" e mesmo antes de articular o chavão típico do "Isto é um assalto" (aliás, nunca eu percebi porque raio temos de dizer isso... será que pela indumentária e o facto de eu lhe estar a apontar um "ferro" aos cornos ele não entenderia??? ) já o desgraçado do homem estava de braços no ar a fazer sinal com o queixo para o sítio do dinheiro... Foda-se até me engasguei ao proferir a mágica frase que iria desfazer todas as dúvidas da minha presença. Que merda....
Fiquei a dois metros do tipo (mais perto nem pensar...), houve ali um silêncio de três segundos (que mais pareceram 3 horas) que foi o tempo de meter a manápula esquerda ao bolso para tirar um papel que infelizmente não estava lá....
-Foda-se meti no outro bolso... - disse eu entre dentes. Ah pois, eu sou dextro, logo, ao preparar-me pus o papel no bolso direito das calças de ganga, e como tal tive que rapidamente passar a arma para a mão esquerda quase imitando o Marco Paulo com o seu famoso microfone. Aquela merda já estava quase a descarrilar! Resolvida a trapalhada, (papel na esquerda, pistola na direita) pousei o papel no balcão que nos separava e disse-lhe com uma voz decidida, autoritária, calma e rouca:
-Está aqui esta lista! Tudo o que nela consta, vais meter num saco! Tens exactamente dois minutos para o fazer! Aos 2 minutos e um segundo tens latão nos cornos!!! Ele pegou no papel com um ar de espanto misturado com o pânico! Adivinho-lhe o pensamento:
-Mas porque raio está este gajo a assaltar uma mercearia? E porque raio me dá uma lista de compras em vez de me sacar a narta da registadora???
Observo os movimentos do gajo a aviar-me a lista, eis que sinto uma forte pancada no ombro que me deixa gelado ao mesmo tempo que sinto uma descarga imensa de adrenalina que me faz disparar o coração... Nisto, ouço:
-Acorda!!!!
Abro os olhos ainda em pânico sem perceber a quantas estou, a tentar descortinar o que se passa. Estou deitado no sofá da sala. Na televisão está a dar no telejornal uma notícia sobre a crise alimentar que irá abalar o mundo.
Olho para aquilo com preocupação, pois tenho apenas uma reles pistola. Tenho de investir em mais poder de fogo!!!