31/12/2008

A noite dos narcolépticos.

Mais uma volta, mais uma viagem, 364 dias à espera de uma única noite, de uns míseros 12 segundos, que na melhor das hipóteses, só teremos uma ligeira recordação, porque o álcool manhoso tem como efeito secundário as figuras tristes, os impropérios e o chorrilho de verdades que teimam em debitar e nunca o fariam num estado sóbrio... O primário é apenas esquecer, mas a verdade das más memórias é tão bera que se gruda aos neurónios da lembrança, e nem com diluente ela se desvanece.
A histeria instala-se e convida a mesquinhez, co-habitando as duas numa alegre festa. Dá-se o ano que passou por perdido, pois mais uma vez encheram-se de dívidas, não jogaram no Euromilhões as vezes suficientes, trabalharam metade do ano porque o filho da puta do médico de família não assina de cruz as baixas médicas, engordaram 30 kilos, só foderam com gente bera e feia, piores ainda que os respectivos cônjuges, enfim faltaram ao prometido em tudo o que tinham jurado exactamente um ano antes, naquele momento de êxtase em que o mundo, e eles próprios, parecem belos. No fundo é como meter LSD mas sem a carga negativa de os confundirem com um anarca sabujo do trance, mantendo-se assim fiéis ao estilo suburbano chunga e deprimente.
Os clichés são do domínio público, mas executá-los a todos é o caralho, a não ser que sejamos uma contorcionista chinesa, um polvo, um super-homem com ou sem cadeira de rodas (homem é apenas para uma visualização da personagem), com o dom da manipulação do próprio tempo, porque vestir roupa interior azul, enquanto estamos em cima de um banco equilibrados apenas no pédireito com uma nota na mão, aproveitando a altura e remexendo no armário das panelas para deitar fora uma peça de loiça velha, formulam-se desejos a comer 12 passas sicronizado com as derradeiras 12 badaladas... Foda-se, pensar nisto até dói, não sei se pela dificuldade ou se pelo mau-gosto destes lugares-comuns da quase-gente!!!

Eu, embora com o meu característico estilo blasé, também tenho as minhas rotinazinhas. Estarei a comer à canzana,o pandeiro a um vacão qualquer enquanto faço doze linhas nos costatos da mula, sicronizando as badaladas com as bombadas dadas nos fundilhos, acompanhando o respectivo som do sino com o som dos cornos da gaja a bater na cabeceira da cama. Os desejos formulados, esses são diferentes. Não são doze, mas apenas um: “Espero sobreviver a mais este...”

Apenas desejo um Bom-Ano para mim, porque me é indiferente a vossa felicidade ou infelicidade. Basicamente quero que vocês todos se fodam!!!

17/12/2008

É uma pena...

Há merdas que me desalentam, que me fazem desacreditar na Humanidade e também nas mulheres em geral.
São poucas ou mesmo raras as ocasiões em que não olho para uma fêmea e não imagino sexo à bruta e javardo. Coisas de gajos à séria... Mas como é lógico, há umas mais que outras, o que prova que sou um gajo sensível e nada fútil. Também varia conforme a minha disposição, pois quando me sinto deprimido e com falta de amor próprio imagino cenas cheias de romantismo acompanhadas de olhares cúmplices e musicas a condizer, relegando o pinanço em si para segundo lugar. Claro que estas ocasiões são raras, felizmente, pois tenho uma mezinha que se tem tornado infalível, que consiste básicamente em lembrar-me das seguintes coisas, e por esta ordem: casamento, T2, Cacém, cornos, filhos, dívidas,excesso de gordura, falta de sexo, suicídio... Há também uma segunda opção infalível que dá pelo nome de cocaína, mas a crise chega a todos e o meu dealer não foi excepção. O filho da puta deu-lhe para cortar a cena com Zoloft coisa contraprocedente para quando se quer pensar em barrasquice.

Tenho feito que nem abutre de volta de carne “al dente”, das tais que nos fazem semi-cerrar os olhos, ranger a dentuça e soltar um sorriso traiçoeiro, advinhado-se o pensamento. Resolvi dar a estocada final, investindo de corpo e... pouco mais porque se considerar que tenho alma também tenho de considerar a sincera boa-vontade das pessoas na quadra natalícia:

-Olá, eu sou o Dias, Jafu Dias, muito prazer, assim espero!

-Olá, eu sou a Sara, gaja apatecível e boa de caralho, mas só gosto de lamber carpetes!!!

10/12/2008

A intrínseca relação entre o verbo querer e fazer

Afinal não sou assim tão diferente dos outros.
Dado o meu estado avançado de decomposição no que toca ao comportamento social, legal e moralmente aceite, tive que recorrer ao maior logro da história da medicina: o SNS e o médico de família, a que carinhosamente chamamos de "Médico de Família". A minha ideia desta mística e poderosa figura que representa a salvação (terrena, está claro), era um tipo de forte personalidade, altruísta, cheio de boa vontade e quase tão terno como a Floribela (até mesmo no especial trato e carinho com as crianças), só que sem o sotaque matarroano, sem qualquer referência que nos remeta para o mais retorcido deboche e com maior capacidade de fingimento. Claro que não acreditava que fosse tudo igualzinho à série da SIC emitida à uns anos atrás, também não sou assim tão burro, porque só mesmo num mundo ficcionado é que um homem tem como filho um puto estúpido e mimado que acha que dar autógrafos é uma profissão. Um médico a sério "arranjava-lhe" logo uma qualquer doença rara e terminal à prova de Dr. House, convencia o fedelho a fazer um Inter-Rail para a Holanda, onde a eutanásia é bem tolerada. Era juntar o útil ao agradável, pois livrava-se de um filho da puta de um bastardo que num futuro próximo lhe iria foder a guita toda da reforma em droga, em honorários com advogados, fianças e lógicamente um curso superior de 10 anos numa Universidade privada, num curso com um nome supimpa mas que nunca irá ter quaquer utilidade prática e, por outro lado, praticava um acto de solidariedade às gerações seguintes que só assistiriam ao Disney Kids apresentado por aquela mula ingénua disfarçada de Lolita, mas que arrasa com uma equipa de Rugby.

Dei de caras com a triste realidade de estar enfermo e necessitado, e por isso tive de recorrer a um tipo que diz ter um diploma, que estudou muito e que supostamente é um grande conhecedor da fisiologia das pessoas. Se é assim tão inteligente porque caralho passou os últimos 30 anos a ver frúnculos e varizes de velhas podres e resmengas? Porque se tornou numa espécie de dealer de droga preferido dos lares da 3ª Idade, da Inatel e das excursões a Badajoz? Porque não foi para cirurgião plástico de vedetas que garantem bicos vitalícios em troca de um par de mamas? Estas e outras questões pertinentes fazem-me duvidar das capacidades profissionais e intelectuais destes tipos... Mas teve que ser, tive que encarar um deles de frente, mas para minha surpresa, não correu assim tão mal como esperava. Não me receitou drogas, antes até pelo contrário, disse para as evitar, coisa estranha vindo de quem vem. O cabrão do Pequito cortou as vazas a estas sanguessugas, pois desde que meteu as beiçolas na corneta acabaram-se as viagens à República Dominicana. A comissão deve ter passado a ser paga em canetas manhosas de plástico com desenhos de estômagos...
Apenas me receitou interacção social. Pura e dura! Ainda lhe perguntei se os bares de alterne e puteiros em geral serviam para o efeito. Mas não, tinha de ser algo sério, onde eu fosse desejado apenas pela pessoa que sou e não pelas quantidades de dinheiro e droga que estou disposto a largar por umas horas com uma mantelhona. Tinha de ser uma socialização sincera e desprovida de interesses materiais.
Questionei-o sobre o porquê de tal "medicamento" amargo, intragável e menos provável que a eleição do Garcia Pereira para uma merda qualquer, e ele disse-me que estava a começar a apresentar sintomas de Sulismo. E que raio é o Sulismo??? É uma doença que dá nos homens às portas dos "trinta" e tem como sintomas a indiferença perante um programa nocturno que dá prémios e é apresentado por uma qualquer cabra pró, semi-nua, aspirante a puta, e chupista profissional, vulgo RP/Actriz/Empresária. Na sua fase mais avançada faz-nos gostar de futebol ao Domingo e discuti-lo à Segunda e, na sua fase terminal e sem retorno, começamos a ponderar em formar uma família (com putos e tudo), e arrendar um T1 na Baixa da Banheira. No fundo é uma espécie de morte e inferno por antecipação mas sem o fedor, o velório, as flores e as carpideiras. O termo inglês para esta doença é ZOMBIE!

Saí da minha consulta com mais dúvidas do que certezas. Onde iria eu encontrar a tal "interacção social"? Comecei a ponderar em inscrever-me nos Jeovás, mas a questão de ter dia certo para ver o padeiro e acordar cedo ao Domingo para importunar suburbanos deixou-me pouco à vontade.
Ainda pedi informações para me associar à Opus Dei, mas afinal eles só aceitam gajos que sejam crentes convictos. Foda-se, estes gajos são mais papistas que o Papa. E pasme-se, também não aceitam padres, panascas e pedófilos em geral, só mesmo punheteiros adoradores de água fria e vergastada.

Por sorte, e talvez por piedade, recebi um convite para um jantar de Natal entre colegas de trabalho. E parece que foi um convite sentido, porque aquela malta sabia da minha condição enferma, e por breves instantes foram assaltados por um espírito de compaixão próprio desta quadra. Mas repito: foi apenas por breves instantes, porque no minuto a seguir voltou tudo ao normal, pois eles desataram a dizer mal uns dos outros, mas de uma forma precavida, ou seja, pelo modo dorsal. Fizeram-me prometer que me ia comportar segundo as regras deles, ao que acedi , mesmo desconhecendo-as. Mas sabia ao que ia, não estava assim tão a Leste, pois é do domínio público as regras deste tipo de confraternização.
E pasme-se, (novamente esta expressão ridícula, sinais cada vez mais evidentes do Sulismo) até estava com um nervoso miudinho, ia ser a minha primeira vez.
Outrora ainda tentei uma proeza estas, de comparecer um evento destes, mas acagacei-me e acabei por desaparecer logo ao início.

O tempo foi passando e o Dia D chegou. Já levava tudo ensaiado e interiorizado, mas também não haveria de ser difícil nem estranho, era só entrar no comboio.
Juntei-me ao grupo dos supostos machos Alfa, só naquela de perceber quem eram as colegas assim mais libertinas, ou então as mal-casadas que desafogam as mágoas ao fim do primeiro copo de tinto, e desta forma revelando os pontos fracos e posteriormente o Ponto G. Em qualquer um dos casos citados (e mesmo todos os não citados) o objectivo é o mesmo: a tão apetecível e perigosa queca laboral!

O meu espanto cresceu a um ritmo inversamente proporcional ao da tesão, pois a conversa daqueles labregos versava basicamente em insinuações panascas e sodomitas entre eles, e nos mais variados locais e situações, fazendo um qualquer pornógrafo profissional estrangeiro um verdadeiro anjo inocente. Os nacionais ficam de fora, porque pornografia e bestialidade são coisas distintas.
Que raio de panca estranha, ainda para mais um dos maiores picha-d'aço de Lisboa e Além-Tejo também lá estava. Mas o maior interesse geral parecia recair sobre a ridicularização da vida sexual de terceiros, ou então, por questões de conveniência perceptiva, chamemos-lhe "Dor de Corno".
Desatei a beber na tentativa de me integrar à força, mas o meu instinto de sobrevivência não mo permitiu. O final foi triste, pois estava ébrio como um motorista de um TIR e enjoado. O enjôo devia-se à merda da comida servida, à conversa sobre as mil e uma fanchonices ocorridas num balneário desportivo e à má língua do gajedo em relação aos não-presentes. Pareciam faquires... Lá pelo meio ainda ouvi um cromo a dizer "Amigo Secreto e tal..." FODA-SE!!! Um gajo tem limites, tanto no mau gosto como no fingimento. Só tenho a capacidade de fingir que gosto de alguém durante 1 minuto, é como suster a respiração. Pelos vistos para esta malta, é como respirar.

A ver se entendo: ando um ano inteiro às turras e em desacordo com esta maralha, passo a vida a dizer mal deles, quer à frente quer atrás, considero-os uns incompetentes e acho o gajedo a coisa mais desinteressante. Quer isto dizer o quê? Que tenho apenas um mês por ano para me redimir? E porque raio fico a odiá-los ainda mais? E estou eu doente? Ser normal é ser assim? Quero que tudo isto se foda!!!

Desenfiei-me daquele martírio e fui à minha vida, ou melhor, ao que resta dela. Com sorte ainda apanho SIDA, gonorreia e candidíase. Não deve haver melhor remédio contra esta maleita estranha que me assolou, com a vantagem de ser menos doloroso que a cura...
Pouco antes de virar o barco, já estava no meu mundo. Nem sei se o estafermo poderia ser considerado do género feminino ou mesmo humano, mas àquela hora, e ainda para mais na linha de Sintra foi o que se arranjou no primeiro puteiro que encontrei aberto. E a última coisa que recordo antes de revirar os olhos foi de dizer à vacarrôncia ucraniana, enquanto lhe agarrava a cabeça pela nuca e a forçava a meter o focinho entre as minhas pernas, a única frase com piada que reti naquele hipócrita e enfadonho convívio:

"Só fazes se quiseres!!!"

22/11/2008

A perniciosidade da minha inbox

A rotina diária é um dado adquirido de qualquer Humano, mesmo que sofra de uma doença degenerativa da mexela. Vejam-se a malta com Alzheimer, que não têm a mínima consciência de Ser mas no entanto borram-se sempre à mesma hora, fodem sempre as mesmas estatuetas compradas nos chineses, e mais raramente quando falam, trocam o nome da filha que cuida deles pelo da outra que se esteve sempre a cagar para eles, que lhes fodeu a guita, que os deixou cheios de dívidas por um dia terem sido fiadores do T3 de Massamá, mas que ainda assim era o rebento preferido por ter uma personalidade rebelde e vincada, ao contrário da runfalhona que lhes limpa o cú, que foi sempre muito caseira e certinha mas que acabou casada com um taxista do Cais do Sodré que lhe dá nas fuças quando ela se queixa do dinheiro que ele gasta nas putas do Técnico. Até esta merda é uma rotina que parece estar entranhada nos genes de um vacão suburbano de Queluz, que terá um futuro mais do que certo a levar nas fuças, emprenhar 3 vezes, engordar até aos 80 kilos, cheirar a oleo de girasol, e que num
momento de curta pausa sonha com outra vida quando lê a Nova Gente e vê a vida bela das "beautiful people", enquanto o pai cagão está a bezerrar e o marido está a lavar o táxi, de fat'trêno tricolor e sapatos de verniz. Até as atrás mencionadas "beautiful people" (este termo não reflecte propriamente a realidade, é apenas irónico) são bichos rotineiros, é vê-los de festa em festa a ver que fia mais uma grama e mais um flute de Raposeira.

A rotina... há que diga que a quebra, essa malta que adora escrever "carpe diem" em tudo o que é perfil de rede social, numa de intelectuais, de aventureiros, de gente sábia que quer marcar pela diferença e que têm a mania que são os serem mais felizes, mas no fundo são ainda mais rotineiros que um casal na meia-idade que fode durante 5 minutos de mês a mês, sempre à missionário e que os preliminares consistem em dizer:
-Maria, apetece-me foder...
-Oh Manel, estou com sono e cansada...
-Então dorme e descansa, só preciso que afastes o joelhos!

Aqueles que insistem em seguir à risca os conselhos das revistas para gajedo liberal, hedonista, esclarecido e letrado, são ainda mais rotineiros que a própria rotina pois dia a após dia, hora após hora insistem nos mesmos clichés futeis na tentativa de marcar pela diferença, mas acabam sempre por cometer as mesmas asneiras. Metem-se sempre com o gajo casado do escritório, fodem 2 ou 3 bolas de berlim de uma vez quando levam a respectiva tampa, vão à Zara às escondidas, vão sempre à mesma parteira fazer o desmancho porque mais uma vez foram numa saída de gajas e acabaram na cama com um mirandês tocador de banjo da Tuna da Universidade Católica, e o risco de terem um filho cocainómano com tendências sodomitas ou revolucionárias, um militante do CDS ou uma putéfia intelectual, é demasidao grande.

Eu também sou rotineiro, nem o nego, antes pelo contrário. Aceitei essa minha natureza porque sofro de Obsessividade Compulsiva, além de ter uma personalidade histriónica, fronteiriça e psicótica. Mas as minhas rotinas são inócuas e tento variar em certas coisas, também tento marcar pela diferença, mas não para mostrar aos outros, apenas para meu belo deleite e porque quero. E apenas num aspecto, gajas e barrasquice. Reforço: num aspecto! (Para os Canídieos críticos da coerência) É que ambas são indissociáveis! Pino qualquer uma, de qualquer maneira! Haja vontade, paciência e dinheiro.

A minhas rotinas mais cerradas têm o seu apogeu pouco depois de acordar, e o perigeu dá-se a meio da manhã!
À parte do acordar, do banho e todas essas merdas higiénicas que se fazem pela manhã (partindo do princípio que não somos uns gunas de Chelas javardos ou dondocas cinquentonas consumidoras de Number 5), tenho tudo programado ao nanómetro e nanosegundo. Tudo porque não me lembro de nada, mas faço tudo isso em piloto automático, inclusivé vestir-me conjugando as cores. Ora digam lá se isto não é rotina?

Quando chego ao trabalho vejo o mail, desato a apagar as ofertas de Viagra martelado made in México e os convites javardos de mantelhonas ucranianas. As supostas piadas em corrente com a respectiva muleta gráfica feita em powerpoit e em brasileirês, e a puta da criancinha monglóide que nasceu com apenas um olho na testa e que mesmo assim teima em desaparecer, vítima de rapto de uma rede de pedófilos e esclavagistas tripeiros, envio em quadriplicado aos respectivos remetentes. A merda toda é que esta malta sofre de perca da memória imediata, para simplificar, são os figurantes do Preço Certo, aquele concurso do punheteiro, das mantelhonas eslovacas e do primo transmontano do Porquinho Babe, que faz com que eles riem e chorem 4 vezes e passam o dia a telefonar para contar a última anedota sobre o Benfica e da desgraça de um puto rançoso... Quase que me apetece de os acusar de rotineiros! Tudo isto enquanto bebo o meu café merdoso, mas que insito nele e que só custa 30 cêntimos!!! Nisto tudo só não há rotina na máquina do café, porque nunca sei quando ela me vai foder a guita e não me dá café! Mas ela também não pessoa, embora tenha mais personalidade que muitos que a utilizam.

Hoje a minha rotina foi quebrada abruptamente. E não, o seboso e anafado do Pacheco Pereira não me enviou spam nem me telelfonou a dizer mal do próximo presidente do PSD (partindo do princípio que o estropício que muitos insitem em chamar de mulher tem os dias contados... mas estamos na Tugolândia, onde tudo pode acontecer, inclusivé o Carlos Cruz ser ilibado e feito Comendador). Recebi uma circular interna (fina esta empresa, que usa as novas tecnologias para espalhar o caos e o pânico), que me convidava para assistir a um musical. Como ainda estava sonolento, fiquei contente porque nunca ninguém me convida para essas coisa que incluem interacção social, os únicos convites que recebo são de tipas casadas com estranhas pancas, e como sabem que alinho em chavascal barrasco sem grandes cerimónias, e claro está, guardo segredo, chama-me para lhes quebrar a rotina não só! O anedótico é que isto acontece rotineiramente...
Comecei a ler vagarosamente e esperava o pior, porque lá pelo meio li de soslaio "West Side Story". Mas eu detesto musicais porque detesto a bimbalhice americana, todos aqueles leitmotifezinhos cheios de clichés mais que prováveis e ainda por cima cantados em falsete por gajos durões. Se comecei a ficar desanimado, pouco tempo bastou para o mundo se desmoronar. Li a palavra Politeama! Foi como uma sineta pavloviana. A primeira coisa que me veio à cabeça criancinhas castrati sodomizadas por reformados grisalhos com uma incongruente voz de bagaço sem a mínima aptência e sentido estético para o que quer que seja. Nem mesmo viver de fundos estatais. A segunda foi a coisa mais abjecta e deprimente que alguma vez foi feita no mundo do espectaculo, que é o Teatro de Revista (muito embora o Quim Barreiros se tenha esforçado). A terceira foi o João Baião. A quarta foi 605 Forte diluido em Ácido Clorídrico.
A malvadez da empresa nunca antes tinha atingido este colossal requinte, quase de certeza foi feito em outsourcing, pois não reconheço tão avançada inteligência no que toca à tortura premeditada aos cabecilhas lá do pardieiro envidraçado. Até agora era sempre o vulgar de Lineu, ou seja, regar árvores à chuva! Os cabrões querem quebrar a rotina...

Le Grand Finale?
"Atenção: o bilhete é válido apenas para uma pessoa!"

20/11/2008

Os efeitos colaterais da coca nos yuppies dos 80'as

Aqueles gordos e sebosos quarentões, com a trunfa puxadinha para trás à custa de muita nhaca pastosa, cheio de salamaleques e deferências fizeram uma colossal cagada. Vítima da especulação, do Urso e do Touro, do off-shore, do inside trading, do dumping, dos futuros e etc., o BPN entrou numa espécie de cura toxicológica. Esta mesmo feita por uma clínica de pricípios duvidosos, que cheia de samaritanismo, altruísmo e dever social, se chegou à frente na esperança de contribuir para um mundo melhor... Só a título ilustrativo, tipo Igreja Maná.
E onde entro eu nesta merda toda? Não! Não sou Yuppie nem cliente do Banco.
Por ironia do destino (e por eu próprio ser irónico) encontro-me tecnicamente falido. Então, porque sou um fiel contribuinte e pessoa de bem mas que insiste na irresponsabilidade, aproveite esta onda de Estado Social e Protector e eu próprio seja NACIONALIZADO! Metem um douto administrador a fazer a minha vez no que toca a contribuições, responsabilidades financeiras e sociais e EU, espécie da raça (des)Humana, seja exonerado das minhas funções sociais, contributivas e socias e me seja aplicada a pena de reforma dourada. Passo a ter Plástico de Platina ilimitado, cartão VIP dos puteiros de alto gabarito, carta branca na TAP, vouchers para os melhores Hoteis do Dubai, conta aberta nos melhores dealers estatais, certificados de aforro, enfim todas esses pequenos regalos que as pessoas de bem e da cor predominante têm direito.
Ah, só dispenso uma coisa...
...foder criancinhas!

18/11/2008

Deixa-me cá ouvir o mar...

Não sei o porquê, mas desde chavalo que tenho um estranho encanto por conchas, búzios e todas essas merdas. Todos me diziam que isso era coisa fanchona, exclusiva de gentes com tendência para a decoração de interiores, para o vegetarianismo, filosofias ZEN e que também gostam de jogar à bola semanalmente com a maralha lá do serviço. Acho que a esta última lhe chamam "revelações de balneário"...
Mas eu apenas sinto uma atracção paradoxa, da mesma forma que mantenho uma relação amor-ódio inexplicável pelo Paulo Coelho e por livros de auto-ajuda para ex-leitoras da Maria , que nos entretantos evoluiram na sua intelectualidade e condição social. Afinal uma distinta esposa de um pato-bravo transmontano tem um estatuto social que as obriga a certas ideosincrasias e postura perante a sociedade, pois os tempos de labarjice de puteiro já se foram.

Hoje e só hoje, passados tantos anos de dúvidas e tormentas que quase me fizeram escrever para a Maria ou recorrer à própria incoerência dos ditos livros de auto- ajuda, tive uma revelação que me aliviou e surpreendeu: Há uma razão máscula para esta minha estranha obsessão!!!

11/11/2008

Querido Pai-Natal:

Este ano portei-me mais ou menos, mas queria que me desses atenção. Afinal nem sempre fui assim... Já fui um menino inocente, já fui uma pessoa de bem, já fui pessoa, PONTO!

Aquilo que te peço são apenas bens materiais, pois a saúde, a felicidade. as meias brancas e os livros do Paulo Coelho são para os azeiteiros e fracos de espírito. Eu cá gostava de algo vistoso, verdadeiramente útil, caro e bonito. Claro que existe algum contra-senso nestes quatro adjectivos juntos, mas mesmo assim penso que não será de todo impossível...
E perguntas tu: (sim, tu. Apesar da tua suposta avançada idade, considero o tratamento por "tu" um sinal de respeito e além disso não sou barão falido da linha que trata o filho por "você")
"Que caralho fizeste tu para mereceres tal presente impossível?"
Perguntas bem, mas isso não passa de pura retórica, perda de tempo e ironia, tudo misturado. A resposta é simples: NADA!
Fui o biltre do costume, mas fui verdadeiro, nunca menti (não confundi com "não omiti"), fui fiel a mim mesmo, e claro está, nãao entrei no comboio da hipocrisiainstitucional. Será que isto nãõ é razão mais do que suficiente para ser merecedor de um presente? Se não, afinal qual a verdadeira definição de "portar bem"? Dar dinheiro aos pobrezinhos? Ser amiguinho dos animais?
Que se fodam os indigentes e a bicharada, apraz-me muito saber que há malta ainda muito mais fodida do que eu, com a benesse de não pagar impostos. No dia em que houver IRS na esmola, eu dou; e no dia em que os leões deixarem de matar, eu adopto um!
E é mesmo por isto que te peço uma prenda, pela minha sinceridade, que embora seja execrável, é a verdade mais pura e alva que brota do meu coração...Além disso este ano entrei num abismo económico-financeiro (irá ser tema de um futuro post) que me quebrou o alento e quase me fez cometer suicídio bem ao estilo dos anos 20/30 por alturas da Grande Depressão. Só que o meu acto não passava por atirar-me de um edifício alto, mas sim filiar-me no Bloco de Esquerda, largar a cocaína e colar uma bandeira portuguesa antiga, aquela azul e branca na traseira do carro. Mas por sorte lembrei-me de ti a tempo, porque tu és mais credível, e ainda mais importante, a tua exstência é bem mais plausível que as hipóteses anteriores.
Ah, a prenda, é verdade... Se conseguires arranjar-me uma mulher com os quatro adjectivos que referi ou que goste de mim verdadeiramente e/ou incondicionalmente, nunca mais nesta vida te peço algo!

Pelo sim, pelo não, até para o ano que vem.

C&M

19/10/2008

A mão que aperta o laço,

é a mesma usada para tapar os olhos, para não ver a vítima.

Este carrasco é incompetente, sensível e falso. Nem ousa sequer pedir o perdão ao condenado, como é da tradição dos profissionais da actividade.
Mas a corda partiu... e eu, ainda estendi a mão ao cair no cadafalso, para não me estatelar no chão! Mas o carrasco, o sensvel e falso, estava a desviar o olhar, para não ver o "último estretor do morto". Tem nojo, o gajo...
A bem dos meus pecados, aterrei na palha, no fofo, amenizou a queda e deu alento a uma nova esperança de continuidade. Mas também pode haver o reverso da medalha, ou seja, uma morte lenta e dolorosa, provocada pelo tédio, mesquinhez e filhaputice. Mas nessa altura cometo hara-kiri, porque soa a honra e tem alguma mística, digno de um final heróico. Se cometer suicídio, sou um cobarde, louco, alucinado, e morro no esquecimento. No fundo ambas as coisas vão dar ao mesmo, mas mudando a palavra, muda o sentido. A título de comparação, podemos usar a regra "três-simples" ou seja: "O Chefe está para Amigo assim como a filhadaputa está para X".
Eu a falar de matemática? Só posso estar louco... ou fodido da vida!

Por falar em laços e desenlaces: now it's time to take a break and see the horizon!

Felicidades para ti, e já agora, para mim também! (Pelo menos já devo merecer)
Xhuac!!!

01/10/2008

Quando acordares, ja ca nao estou... Beijo!

Porque há desencontros e porque há mutações, e porque nos desviamos em qualquer ponto do percurso, e porque deixamos de ver virtudes para passarmos a ver apenas defeitos, mas porque nem tudo foi mau, mas porque há algo além maior além de nós, e porque queremos ser felizes, e porque sim...


30/09/2008

A vida e o Monopoly

"Avance até à casa da partida!"
-Fixe! E os dois contos...?
"Dois Contos?!?!?! Vai dar o cu p'rá estrada!!!"

23/07/2008

Freaking Bubble

Haverá coisa mais chata do que um eczema ou mesmo a sarna? Estas merdas dão infindáveis comichões, além de deixar a pele num estado lastimável e repugnante. A sorte das vítimas é que a maleita as abandona da mesma forma que surgiu, ou seja, num instantinho. Convém referir que estou apenas a considerar os casos das pessoas, de gente, e não de sociopatas que insistem nessa merda de cheirar a cavalo ou mesmo imitar os elefantes, que se banham na lama para se protegerem dos mosquitos. Desconfio que esta sub-gente vê os programas do National Geographic ao Domingo e depois imitam os paquidermes, mas fazem-no no esgoto a céu aberto mais próximo. Arrisco mesmo a dizer que estes "animais" já nasceram assim, e consequentemente, transmitem aquela merda para o meio ambiente. Serão ideossincrasias da chungaria ou ramanescências de um comportamento barrasco ainda latente na evolução da (sub)espécie? Que se foda isso, nem quero saber, apenas queria fazer um paralelismo entre a chatice da doença e a chatice da gente chata! Mas acabei por me perder...
...mas já me encontrei!!!
Ao contrário da incoveniência que acima citei, a gente chata não dá comichão, mas primeiro que desapareça é o caralho. Insistem em ficar sem ser convidados. E mais! Falam! E fazem-no sem parar, coisas sem sentido. Aparecem do nada, apanham conversas a meio e vai de um chorrilho de opiniões. Opinam de uma forma idiota na vã tentativa de ser engraçados, embora ninguém manifeste vontade de rir, coisa que os faz emendar a idiotice com pura estupidez sem nexo e desprovida de conteúdo. E aí, sim, arrancam qualquer coisinha à maralha, mas que infelizmente não passa pelo humor, apenas um misto de tristeza, desconforto e aborrecimento. E o pior é que eles insistem em dizer que têm amigos. Amigos esses que devem ser nossos clones, porque invariávelmente também passaram por situações idênticas às nossas ou têm coisas iguais...

Felizmente as erupções cutâneas não falam e desaparecem numa questão de dias.

SHUT THE FUCK UP!!!

30/06/2008

Sardinha Affair

Bacalhau quer Alho productions
"Sardinha Affair"
a novel by jakk & caviaremayo
O Phophinho...
Filho do Phopho, cresceu pelas ruas da Musgueira! Saiu baixinho, fruto das drogas que o seu pai vendia... e ele de tenra idade consumia. Apesar do acesso a material de 1ª, a tendência do Phophinho ia para o verdadeiro shaimita do apita e cavalo com nostan. Phophinho franzino começou na inocente chinezita, tadito, mal sabia o que o esperava. Um pacote fazia-lhe o dia, dois pacotes era uma festa. O petiz, passo a passo lá ia vivendo de tubo nas beiças, no vai e vem do caramelo, até que as quartas já se iam por hora do almoço... Seu pai, tudo lhe dava, não queria que lhe faltasse nada. Dinheiro não faltava, um cachucho dourado, um carro tunning, Ibiza Cupra útimo modelo, jantes douradas, faróis prateados e a bela da luz negra debaixo do chassis. No dia 29 de Fevereiro, aniversário do Phophinho, seu pai apercebeu-se que algo estava errado. No momento em que lhe deu o presente de anos, aquele limpa-unhas, especial, feito por encomenda para limpar a unhaca do mindinho... Ouro de lei, com um brilhante incrustado e uma gravação com letras bonitas para que todo o Mundo soubesse quem era o digno proprietário: "Phophinho! Mas Phopho reparou nos mortiços olhos do seu filho e na quase ausência de emoção que tal oferenda significava! Aquilo era a afirmação do seu filho como um Homem, um ritual de passagem da adolescência para adulto. Era a derradeira confirmação do seu estatuto como Macho Alfa, logo após da bebedeira e putedo que se seguiria, mas isso era só acessório. O verdadeiro troféu era o Limpa-Unhas! O rapaz ficou contente por tal consideração, afinal era para aquilo que tinha nascido! Phophinho agarrou o presente, agradeceu, e saiu porta fora como se de qualquer coisa tivesse esquecido. E as putas? E a vinhaça? Phopho ainda pensou por momentos, que Phophinho tivesse aderido às novas modas da sodomia, mas tal era inconcebível. Ele era a descendência do mais puro gene latino e além disso, Phophito nunca tivera muito jeito para escolher o que vestia nem tão pouco conjugar cores. Foi nesse momento que Phopho se apercebeu... Para dentro de casa, nunca se pensa na desgraça que se provoca aos outros. Como poderia ter deixado aquilo acontecer? Por muito que Phopho o tivesse avisado, Phophinho quis ver na realidade como era. Mas o que mais chocava Phopho era o facto do filho nunca ter metido a gânfia no ganha-pão caseiro, mas sim, ter sido cliente do Gangas, um asqueroso Nortenho e agarrado-traficante, que era conhecido pelo seu dom da Multiplicação. Gangas usava uma técnica velhinha e cobarde, os famosos 50/50... 50 de cavalo martelado mais 50 de Nostan. O filho da puta tinha provocado tanta morte de carouchos que o Estado ainda pensou em contratá-lo para acabar de vez com o flagelo da droga. Só não o fez porque o Gangas não era do PS.
Por muita estela e mistela que enfiasse, um dia Phophinho acordou de pingo no nariz, a dor dilacerante nos rinzes e o estado febril em que se encontrava não deixava margem para dúvidas: Phophito era agora mais um número para as estatísticas do Instituto da Droga e da Toxicodependência em relação aos putos não-betos existentes...
Phophinho foi para a cura, coisa que não lhe custou, largar o pó foi demasiado fácil. Não era bem aquilo que procurava, a insatisfação continuava mesmo quando ele bezerrava e se coçava todo na tasca do Toni, algo mais o atormentava, a droga não lhe compensava a insatifação interior que o queimava. Faltava-lhe algo, e apesar de lhe dar tudo, o pai não era propriamente o Ambrósio!
Foi no centro de recuperação que conheceu a Guilhermina...
Guilhermina, filha de uma peixeira, cheirava a vinagre das mãos e era sebosa para caralho. Moça de poucas palavras, desconhecia-se a razão porque tinha caído no vício. Ela nunca fora muito sociável, nunca tivera amigos, nem sequer as sempre culpadas más companhias. Tinha caído sózinha, o que levava a querer que o tenha feito de plena consciência e por mote próprio. Mas à medida que caminhava para o abismo, Gulhermina sentiu-se impelida a arranjar subsistência para o vício, porque fora renegada pela sua Mãe, que além de ser uma peixeira destemida, era também mãe-solteira. Guilhermina juntou-se ao Funesto, o seu ex-namorado, que tinha a panca de a papar sempre sebosa e antes de qualquer gota de água lhe tocasse nas suas intimidades. Funesto até insistia para que ela abadonasse de vez a água, atitude egoísta e cheia de segundas intenções, porque ela servia de "mula", de correio da droga, emprego que Funesto lhe tinha arranjado, e não havia santa alma numa alfândega que tivesse a coragem, a ousadia e o estômago para revistar os buracos logo abaixo da cintura da moça! O disfarce perfeito!!!
O rapaz, mesmo abatido e ressacado ainda olhou de soslaio para a moça, execravável ao olhar, insuportável no cheiro, deixando-o com uma sensação de curiosidade misturada com uma enorme vontade de foder. Nunca antes ele tinha tido qualquer desejo profundo e verdadeiro do prazer da chicha, afinal era filho de Phopho. Alguns diziam que o pai era cornudo e que Phophito era filho de um bêbado e que Phopho tinha matado a mulher por isso mesmo, mas não. Phopho matou a mulher por causa da mania dela em se lavar por baixo, e Phopho gostava de cheiro a peixe. Qualquer bêbado que os visse e conhecesse, achava que a maneira de coçar a tomatada, o escarrar no chão e o fascínio por peixe era exactamente igual entre pai e filho. Phophinho abeirou-se dela e à primeira oportunidade que teve, agarrou-a com violência e Guilhermina nem oferecu resistência, pois aquilo parecia um acto concertado, combinado previamente, mas a realidade era outra, Phophinho e Guilhermina nunca até aquele momento tinham trocado uma única palavra...Nem trocaram! Phophinho começou por lhe tirar a saia, algo o atraia directo ao baixo ventre daquela mulher, jamais se tinha visto tanta urgência pelas partes fudengas femininas. Sentada em cima da mesa da sala de jantar, Guilhermina afastou os joelhos enquanto Phophinho se agachava, enebriado à medida que sentia o cheiro que saía daquelas cuecas pretas, com manchas salpicadas por todo o lado... No momento em que se prostrava, perante tal cenário, num misto de ressaca e excitação, latejava entre as suas pernas um colossal desejo que até as baínhas das calças subiam e desciam ao ritmo da pulsação do seu marsápio. Quando agarrou as truces da Guilhermina e ouviu um straaaaaaaaaaaaap vindo das cuecas a soltarem-se da imunda e imensa fafalheira crocante da sebosa criatura, esvaiu-se num potente e abundante orgasmo precoce, sintoma clássico de ressaca! Foi uma cena louca de paixão, deleitava-se naquela abundância de pêlos com cheiro a lota que pouca mangueira tinha visto... Os fartos seios da Gulhermina pareciam-lhe como gigantes cabeças de um sargo! Foi um momento tresloucado que ecoou por toda a instituição... O contacto físico entre pacientes não era permitido! Valeu-lhes a expulsão! A Residência para a recuperação de toxicodependentes da Nª Srª da Beneficiência era estricta no cumprimento das suas regras, nem que isso significasse pôr dois pacientes na rua. Sem eira nem beira, Phophinho e Guilhermina estavam à sua sorte, com a roupa do corpo e 50 Euros que a cozinheira do estabelecimento conseguiu à socapa, passar-lhes. Perdidos de amor, parecia que nada importava, sairam de mão dada com um sorriso de adolescentes. Phophinho, não estava muito preocupado, tinha o seu cachucho de ouro e o limpa unhas do mindinho, além de saber que quando quisesse poderia sempre apelar ao seu pai. Mas o que sentia neste momento era a vontade de seguir a sua vida pelos seus próprios meios. A noção que tinha desiludido o seu pai, estava presente. Afinal de contas teve todas as oportunidades para se dar bem na vida.

by jakk & caviaremayo

25/06/2008

Eu é que não sou parvo...

As grandes superfícies de electrodomésticos e gadjets electrónicos são locais surrealistas parecidos com um jardim zoológico. Lá encontram-se diversas faunas autóctones da selva urbana e periferia. Há os nerds dos computadores sempre a comparar a memória RAM entre modelos parecidos de computadores, a discutirem nos corredores a razão da sua preferência por este ou aquele router. Andam sempre a esmiuçar até ao osso testes de benchmark das máquinas, mas no fundo, tudo isto serve para não pararem para pensar porque raio têm 30 anos e nunca deram uma trancada.Mais à frente temos os LCD's, local de culto dos papás quarentões, que sonham ver naquele ecrã gigante e quase a 3d toda a colecção dos filmes da "Private". Imaginam também a maratona de fim-de-semana a ver a SportTV e a beber bejecas naquela magnífica tela de dois metros largura, esquecendo que moram num T1 e que a sala de estar apenas tem 9 metros quadrados! Felizmente não nutrem a paixão do ténis... Entretanto o filho ranhoso acorda-os do sonho quando começa a fazer fitas porque quer ir ver os I-Pods que irá encher com as últimas músicas da Floribela, dos Tokio Hotel e da Ana Malhoa. Esta última também faz as delícias dos respectivos papás, porque é a coisa mais parecida com uma porn-star que nós temos por cá, só que mais puta e ordinária, não estando portanto ao nível dos filmes da "Private". Deambulando por outros corredores, e seguindo a música, iremos dar ao local de culto dos gunas do chapéu de pala para trás, ou seja, os auto-rádios e afins. Naqueles corredores não me aventuro eu, era o que me faltava ser gamado duas vezes no mesmo sítio...E depois há os que apenas acompanham um amigo... Desses tenho pena, porque estão ali contra vontade, apenas a fazer companhia ou porque precisam de boleia para casa e parece mal ficar no carro à espera. Acompanham todos os passos do amigo samaritano (e dono da viatura), até mesmo à zona das dezanove caixas de pagamento que estão encerradas. A fila para pagar é enorme, fruto da boa situação económica em que nos encontramos, propícia a comprar inutilidades que poderão fazer falta num momento de maior crise. A fila, essa, gera-se sem razão aparente ou então por haver apenas uma caixa em funcionamento ou então, porque alguém com espírito altruísta e guerreiro, decide ser o Robim dos Bosques que salta em defesa dos direitos do consumidor contra os tubarões dos retalhistas. Bate-se com unhas e dentes para por a nú mais uma trapaça engenhosa de nos enganar a todos e delapidar o parco património, que consiste em anunciar um preço nos pequenos letreiros, e na hora de pagar o valor não coíncide...
-Olhe que o preço que lá estava não é esse... Era de 7,99!
-Desculpe, vou já telefonar ao responsável do sector para confirmar! Peço perdão pelo incómodo!
-Sempre a querer roubar, sempre a querer roubar...
5 minutos depois e de uma fila de tamanho a triplicar e de gente a bufar...
-Olhe, o chefe do sector informou-me que aquele preçário não era desse produto, era de outro...Aliás, estava lá escrito o nome do outro produto.
-Pronto, pronto... Eu pago os 8 Euros!!! Mas pago contrariado!
Convém dizer que este espécime pertencia aos nerds, e que os putos têm que se entreter com qualquer judiaria enquantos os paizinhos sonham com gang-bangs em HD!!!

02/06/2008

Have you seen him???

Nem só de Natais vive o Homem! Por isso, e também porque ando às voltas com o Conto, decidi desenjoar e meter esta história que nasceu em menos de um fósforo, enquanto o Diabo esfregava o olho.
O Phopho era rapaz trintão, pescador, e morava ali ao pé de Setúbal, terra de bom peixe e boas quase-pessoas. Uma santa alma recatada, que nada nem ninguém apontava o dedo, aliás, toda a gente lhe reconhecia mestria dedicação no seu ofício.Phopho morava sozinho, não se lhe conheciam namoradas, casos amorosos, nem mesmo uma qualquer ida a locais de pecado, coisa normalíssima entre gente do mar. Mas Phopho tinha um segredo! Descendente de transmontanos, Phopho tinha nos genes qualquer coisa que o fazia ser diferente, sentia-se estranho quando olhava as sardinhas acabadas de pescar... Via-as ali a saltitar nos cabazes e aquilo aquecia-lhe o sangue, despertava-lhe o instinto primário, aquele que nunca teve, nem mesmo quando a Alzira lhe mandou com uns avanços.
A Alzira era uma moçoila peixeira, também trintona e solteirona. Amiga desde sempre de Phopho, nutria por ele uma paixão exacerbada, que no entanto não era correspondida. Tiveram em tempos um contacto carnal, por alturas da puberdade, mas Phopho apenas o fez por curiosidade, por amizade à sua amiga e confidente, e também porque ela tinha chegado da lota sem banho tomado e exalava um forte cheiro a peixe. Phopho era um homem desinteressado de relações humanas e carnais, apenas tinha uma grande estima pela Alzira, mas ela fervilhava há anos, fruto do serviço mal acabado.
Um dia Phopho estava no porão da sua embarcação, sozinho, pronto para descarregar todo o produto da faina quando um tremor lhe evadiu todo o corpo, uns calores vindos das profundezas do Inferno, e aí ele despiu-se por completo e não resistiu ao apelo do peixe prateado e saltitante, atirando-se às milhares de sardinhas que jaziam no seu porão. Ele rebolava, esfregava-se, extasiado e completamente tresloucado, Phopho sentia-se como um comum mortal masculino a viver a sua derradeira fantasia, que basicamente consiste em muitas mulheres ao molho e nós no meio. No caso dele, as sardinhas eram o fruto desejado. Alzira tinha o hábito de o ir esperar à doca, dava dois dedos de conversa, sempre na esperança de despertar a paixão a Phopho. Subiu a bordo da traineira, e quando desceu ao porão deparou com aquele cenário dantesco, aquela orgia retorcida que não lembraria ao comum mortal. Phopho nem deu pela presença dela e continuou naquele gang-bang frenético. Alzira fugiu chocada, lavada em lágrimas e contou a toda população do bairro dos pescadores o que tinha visto. A populaça, mentalidade retrógada e conservadora apressou-se em cortar o mal pela raiz, pois achavam que era coisa do Demo, e decidiu em bando perseguir e expulsar Phopho da sua comunidade.
Eram 11 da noite quando Phopho chegava a casa e deu de caras com centenas de almas com armas improvisadas na mão. Houve até alguém que trazia uma escamadeira de amanhar peixe. O patriarca da comunidade destacou-se da molhada da quase-gente e disse-lhe:
-Phopho, arrumas as tuas coisas e vais-te daqui. Nunca mais cá pões os pés. Só não te matamos e mandamos ao mar porque sempre foste honesto, trabalhador e respeitador. Mas isso acabou, e não queremos cá as modernices de Lisboa, por isso, vai-te!!!
Phopho, baixou a cabeça, entrou em casa, arrumou as coisas e partiu para parte incerta e nunca mais ninguém dali o viu. Alzira entregou-se de corpo e alma a Deus, entrando para um convento e optando pela clausura. O Phopho, esse partiu para Lisboa, para o buliço urbano onde toda a gente passa despercebida, onde ninguém quer saber de ninguém, e inclusivé até permitem os homens que gostam de homens. Phopho precisava de se perder no mundo, e ali era o local ideal...
Nos dias que correm, sabe-se que Phopho virou metrossexual, giggolo e dealer de coca. Sabe-se também que todos o anos, pelo seu aniversário compra 20 kilos de sardinhas e comemora-o sozinho...

n.a.: Não conheço a figura da imagem! Não a saquei de nenhum lado, apenas a criei com uma ferramenta disponível na Internet. Se for parecido com alguém (desde já os meus sinceros sentimentos), declino já a minha responsabilidade, pois trata-se de uma mera coincidência.

31/05/2008

Conto de Natal - parte 5

Estava deitado a tentar adormecer, coisa estúpida eu sei, porque depois de um acontecimento revelador como este só mesmo eu para tentar dormir! Dei voltas à cabeça, cheguei mesmo a falar comigo à viva voz sobre o sucedido, fiz perguntas a mim mesmo, mas sem resposta. Estava a ter o meu primeiro momento de reflexão verdadeiro. Mas um Homem não muda assim. Homem que é homem não deixa que lhe abalem as convicções. Ainda por cima por um Portergeist com um aspecto de erro genético! Por muito que fizesse uma retroespectiva da minha vida, a única conclusão a que chegava era invariávelmente a mesma: devia ter-me divertido mais!!! Mas num instante caí em mim e lembrei-me do que me disse o fantasma dos tempos idos, haveria de ser visitado por outro. Talvez aquilo fosse uma revelação tão colossal que tivesse que ser transmitida às mijinhas, talvez nem mesmo o verdadeiro Humano perfeito que eu era tivesse a capacidade de entender uma revelação daquela envergadura. Já esperava mesmo que me fosse revelado o tão demandado Sentido da Vida! Comecei mesmo a sentir-me o ESCOLHIDO, tipo aqueles filmes apocalípticos, de deuses e demónios em que o herói é sempre um iluminado, o tal, aquele que nasceu para aquilo! Até fazia algum sentido porque sempre me senti especial, sempre me senti superior, e naquele momento até achei que iriam reescrever toda a Bíblia, Corão, Tora e todos os canhanhos que viciam o povo. Eu iria constar neles todos!!!
Estava eu embrenhado nestes pensamentos, ao mesmo tempo que ia mirando a janela à espera do próximo que por ali entrasse, quando ouvi um barulho vindo da casa de banho. Olhei para o lado a ver se o camafeu da mulher estava deitado, pois tinha-me abstraído de tudo e talvez não tivesse reparado da saída dela, o que aliás era perfeitamente normal. Era habitual eu não me aperceber da presença dela mesmo que estivesse a falar comigo aos berros e à minha frente, exactamente como aqueles que sofrem um trauma e o cérebro apaga essa memória como forma de protecção. O meu, simplesmente a ignorava por completo. A única coisa que não a ignorava era o meu malho, pois dava sinais de si quando a fome de boa carne apertava. E verdade seja dita, daquela boca não saia nada de jeito mas fazia uns broches majestosos. Levantei-me da cama e dirigi-me para onde vinha o barulho, mas fui a medo, pois tinha receio que estivesse a ser assaltado. Assim que entrei na casa de banho dei de caras com um tipo alto, com um penteado à moicano e a crista com madeixas loiras, tinha uns óculos escuros grandes em degradê castanho, um brinco de brilhantes em cada orelha, enormes, que mais pareciam aquelas bolas que se penduram numa árvore de Natal, camisa preta em cetim, barbinha feita na perfeição, calças largas de linho e umas sandálias em pele. O gajo estava a remexer-me as gavetas onde guardo as porcarias de higiene, analisava cada frasquinho, cada pomada, cada bisnaga que encontrava e depois mandava-a novamente lá para dentro.
-Oh seu panasca do caralho, achas que vais encontrar aí dinheiro ou ouro? Achas que sou algum velho transmontano que guarda a narta nos sítios mais recônditos? Filho da puta, vais levar tanto nesse focinho vais ficar a parecer um homem à séria!!! - gritei-lhe eu.
-Calma, companheiro, eu sou o Fantasma das Raves Presentes! - disse o gajo num tom dengoso e arrastado.Por momentos ainda pensei que fosse alguma fufa em plena metamorfose, mas nem essas se parecem como aquele espécime de aspecto delicado e lavadinho.
-E foste aparecer aqui por alma de quem? Estás de caganeira ou querias arranjar-te antes de me apareceres? Se és o que dizes, já deves saber que não estou para aí virado.
-Estava ver quais os cremes que usas para a pele, como a hidratas, qual o perfume que usas... essas coisas! Sabes, eu uso uma filosofia muito própria, tipo: "Diz-me como cuidas da tua pele, dir-te-ei quem és!"
-Isso é um bocado rabeta, para não dizer completamente! Estou a ver a ironia da coisa. Primeiro um com aspecto de azeiteiro e traficante, agora um panasca... Mas tu afinal não sabes tudo sobre a minha pessoa???
-Panasaca não, metrossexual... Sei algumas coisas, mas também não sou informado de tudo. De onde venho, o funcionamento não é muito diferente de uma empresa terrena e portuguesa.
-Isso foi um nome bonito que arranjaram para a panasquice. Aliás, isso foi uma maneira de conversão de homens à séria para as práticas sodomitas. Primeiro tornam-se sensíveis e preocupados com a pele, depilam-se e o caralho-a-sete. Às tantas começam a mamar trolhos porque acham que a nhanha do nabo rejuvenece, e toda a gente sabe que gajo que mama pichas também as abafa com o cagueiro. No fundo é uma maneira de começar na panasquice sem o repúdio social que isso acarreta!
-Não sejas homofóbico, isso já está fora de moda. Mas isso não interessa nada, o que venho aqui fazer já deves saber.
-Tenho uma vaga ideia, já sei que vamos dar uma voltinha, só não sei onde, porque agora saio pouco. Gosto de estar perto de uma cama quando bebo e me drogo, e além disso as MILF's que costumo papar não saiem à noite.
-Acabram-se as modelos, não foi? Estás velho...
-Nem por sombras! Continuam a ser modelos, só que dos catálogos da Pré-Natal e da Chicco! Um gajo tem de acompanhar os tempos... E ainda por cima são gajas mal casadas que não fodem em termos desde a noite de núpcias, além de serem mais exigentes e requintadas do que essas pitas em início de carreira nas telenovelas juvenis. Essas fodem-me a droga toda até entrarem em Black-Out o que me obriga depois a dar uma queca numa espécie de cadáver que se vomita, e eu gosto de movimento. Depois tenho de alombar com elas até ao carro e largá-las aí num beco qualquer. É uma canseira e não vale o esforço!!!
-Bem, está na hora de irmos dar uma volta. Desta vez é melhor vestires qualquer coisinha decente, pois eu não gosto de emprestar roupa. Até te ajudo, se for preciso...
-Largueza, espectro apaneleirado... Eu visto-me sozinho, já só tenho roupas da Zara, mas ainda tenho bom gosto... Na medida do possível, é claro, a vida está cara, já não dá para os luxos... E depois já não vivo à conta dos meus paizinhos, e a COFIDIS já não me fia. Já só me resta dinheiro para o básico: droga, alcool, despesas da casa... e uma ou outra puta de quando em vez!
Lá vesti uma roupinha casual, que nos tempos que correm até é fino ir "casual". Raramente destoa e além disso aprendi que isso de boa roupa à noite é um erro, pois há sempre um filho da puta que nos entorna um copo na camisa ou uma gaja qualquer que não engole e deixa-me as calças com nódoas.
-Agarra-te ao meu brinco de brilhantes e vamos embora!
E lá partimos nós em direcção às nuvens, passando pelos gajos da GNR a quem eu prontamente acenei um vigoroso pirete!

29/05/2008

Conto de Natal - parte 4

Estava eu quase ao pé do bar do Chuva e a olhar para o sítio onde isto aconteceu, ao mesmo tempo que recordava a cena dos Poppers, quando dou de caras com um gajo giro a olhar para mim, com uns olhos que pareciam azeitonas. Reconheci imediatamente aquela cara!!! Era eu mais novo, e consequentemente, GIRO! FODA-SE, não só estava a recordar, mas também a presenciar a cena toda... Fiquei baralhado, chocado e desiludido! Afinal o matarroano era eu! Eu vi-me mais velho e não me reconheci!!! Eu vi o futuro naquele passado, aliás, eu vi uma espécie de fantasma e nem me apercebi... Quer dizer, apercebi-me que tinha visto qualquer coisa arraçado de humano, mas longe de pensar que era uma assombração. Passaram-me mil e uma coisas pela cabeça, inclusivé o facto de ter descoberto dois mistérios da ciência: o Deja Vu e a capacidade de ver o futuro, o que explica a razão dos rotos, os grandes consumidores de Poppers, andarem um bocadinho mais à frente em termos de moda. Mas aquilo arrasou-me porque cheguei à conclusão que estou um bocado velho e parecido com aqueles que eu anteriormente abominava. Fiquei ali especado, ignorando a batida sincopada a baixa frequência, uma coisa quase subsónica, que uns diziam que dava caganeira! Claro que esta tese foi tirada da cartola por um anarca flourescente das Goa Trance, e toda a gente sabe que esses indigentes se alimentam de cogumelos... Daí o fedor característico dessas festas! Só mesmo um gajo em constante alucinação para se divertir ao pé de chaparros e urtigas, próximo de uma aldeia no Alentejo sem água e luz...
Comecei a ter uma pequena ideia da razão daquilo tudo, de voltar ao passado, talvez fosse um aviso quanto à minha forma de pensar. Eu sabia que sempre tinha sido um filho da puta irrascível, pedante, arrogante e pouco me faltava para ser monárquico, mas tinha desculpa porque era jovem e rebelde. Agora que era mais velho, era mais moderado e até já começava a considerar que as gentes da margem sul eram de facto, gente! Mas continuava a ser o mesmo sectário, ainda renegava a Amadora e toda a linha de Sintra! Uma pessoa não muda de um dia para o outro, nem toda a gente é a Zita Seabra!
Galimedes, agarra-me no braço e diz-me:
-A nossa visita acaba aqui, agarra-te à pala e prepara-te que vamos embora!
-E vamos embora, assim? E não me dizes a razão disto tudo?
-Acho que já começas a perceber.
-Não me digas que também lês a mente...
-Não, mas até uma cabeleireira conseguia ler o que te ia na alma, por causa da cara que fizeste quando te estavas a ver mais novo.
-Mas não há mais nada que me queiras dizer?
-Há, mas digo-te depois! Após estes anos todos ainda não aprendeste que é impossível ter uma conversa num antro destes? Ou já não te lembras das canções do bandido abreviadas que cantavas a gritar aos ouvidos das matulonas, e mesmo assim, elas não entendiam metade?
-Sim, sim, sim... Estou a começar a ficar fodido porque hoje já dei razão vezes demais a um gebo com aspecto criminoso! Só o faço porque não és terreno, e mesmo assim... Não tarda estou a ficar comunista, a ter um estômago de ferro e começo por aí a fingir que dou razão aos pobres, oprimidos e desfavorecidos...
-Vá agarra-te à pala traseira do boné que nos vamos daqui!!!
E lá partimos nós a voar em direcção às luzes psicadélicas a alta velocidade e em segundos tudo se tornou nublado à minha volta. Passámos novamente pelos Geninhos a flashar no vazio e a gritar para o nada: "Os xeus doucumuentos e os da biatura, faxabôr!"
-Oh Ganimedes, as "ratazanas" estão aqui a fazer o quê?
-Eles estão na eternidade a repetir esta merda, até emagrecerem e ficar com um sotaque português. Acho que nenhum saiu daqui até agora...
-Porreiro, eu vou ficar uma eternidade na droga, no álcool, no pinanço e a fugir dos cobradores estatais e privados...
-Isso logo veremos, olha que ainda podes começar a levar uma verdadeira e subserviente vida de casado!
-Porra, não me rogues pragas. Olha que só casei porque há dias em que não tenho nem disposição nem sexappeal de engatar coirões devassos! E como sou bipolar, às vezes sinto-me deprimido e tenho uma panca por foder suburbanas como forma de auto-mutilação. Além disso é mais barato que uma mulher a dias e uma ida ao ginásio para treinar artes marciais! Quando acabei de dizer isto, já estava a entrar pela puta da janela de casa, todo nú. A porca ainda ressonava como uma pessoa, tal era o feitiço, acho mesmo que ela nem se mexeu durante a minha ausência. Um milagre, pois a puta a sopeira só era irrequieta quando ferrava no sono, porque quando lhe mandava para os fundilho, a gaja parecia uma estátua. Por algumas vezes ainda lhe tentei dar uns choques com o "TASER", mas a cabra conduz corrente e acabei por queimar a capeça do marsápio, o que me valeu uns dias sem foder em condições. Ganimedes, olha-me nos olhos e diz-me:
-A minha missão está cumprida. Agora vais adormecer, e mais tarde irás ser abordado por um outro camarada meu. Segue-o como seguiste a mim...
E desvaneceu-se ali mesmo, tipo aquela merda do "Star Trek" ou daquele programa reles da SIC, o "Ponto de Encontro". Era mesmo parecido, porque aquilo fez uns efeitos marados, tipo estrelinhas, e os que apareciam ou desapareciam tinham um aspecto do outro mundo ou de animais. Ou mesmo ambos, no caso do programa da SIC. A única coisa parva que não aconteceu, foi efeito sonoro! Foi silencioso! Quando me preparava para dormir é que me lembrei de um facto curioso, foi a primeira vez na vida que saí para a gandulagem e cheguei a casa sóbrio, pois esqueci-me de pedir ao Ganimedes uma gramita de coca DIVINAL. Mas também, aquilo não foi propriamente uma diversão.

28/05/2008

Conto de Natal - parte 3

Entrámos pela porta, passei pelo porteiro fininho e ainda lhe tentei dar um biqueiro nas canelas, visto eu ser agora um tipo de super-heroi transparente, mas não resultou. Tal como nos filmes, o meu pé trespassou as canetas do filho da puta e eu fiquei puto da vida. Ainda tentei imitar os filmes, fazendo muita força ao pensar, mas a única coisa que saiu foi uma bufa. Mesmo assim fiquei contente porque comecei a olhar para o gajo e ele torceu o nariz com um ar agoniado e exclamou:
-Quem é que foi o podre que se cagou?
Anuí lado a lado com o Ganimedes por aquela entrada majestosa, subimos a rampinha e virei à esquerda, tipo em piloto-automático?
-Onde vais? - perguntou o espectro
-Vou deixar o casaco!
-Foda-se, mas tu estás parvo? Cá para mim tu estás mas é com saudades do Óscar, o bicho androgena do bengaleiro...
-Hiiii, esse... Desculpa, ia novamente em piloto-automático
-Em vez de fazeres agulha em direcção ao "privado", babar-te com a Isabelita, a gaja
de cabelo preto para quem tu te babavas a micar as mamas, não! Vais matar saudades do panasca!
-Oh pá, mas ele até era um gajo fixolas...
-Era porque eras gajo!
-Tens razão. Vamos lá ver a grossa!
Assim que entrei pelo amplo espaço do privado, Isabelinha dos cabelos pretos à Cleopatra já estava a encher unhas, com o seu vestidinho preto muito decotado, bamboleava o corpinho de tez clara, enquanto o Pedro Lata, dançava uma espécie de dança da chuva misturada com o twist, em cima do balcão! Que saudades meu deus!
-Olha lá, tu deves coonhecer este gajo lá do Limbo, ou o gajo foi para o inferno?
-Naaaa. O gajo tá no paraíso, sabes? Mesmo com a vida devassa que levava fez muitos amigos cá em baixo! E isso valeu-lhe a eterna GOA!
-Foda-se, teve sorte, o gajo! Bem, e agora?
-Agora vamos circular...
-Porra, é mesmo à Tony. Sempre a andar às voltas pelo recinto a micar os mais bezerrados para os catar.
-Não, vamos ver uma pessoa...
-A sério? Vai ser difícil, isto parece ser uma noite de Sábado e a única coisa que vi foram os trastes do costume, tirando o Lata vestido como um palhaço da Tété e a Isabelinha com as suas insinuações lesbianas para a Sandra, a outra mais tronxuda... Com essa tive eu uma picardia dos infernos, mas depois fizemos as pazes. Mas a Isabelinha é que me enchia as fantasias...
-Vá, buga lá antes que fiques aqui a babar-te como um velho narsa e rebarbado como aqueles que tu davas com os cotovelos nos costatos! Lembras-te?
-Foda-se, os gabardinas!!! Então não lembro? Faziam-me comichão, esses tristes, sempre a roçar-se por detrás das moças que estavam na pista a curtir! À pala deles também saquei alguns nacos, numa de bom samaritano e tal, espantava os gajos, dizia às tipas para fingir que estavm comigo que o gajo bazava. Elas agradeciam por palavras e mais tarde, com alguma sorte, com o corpinho. Eu tinha a mania que era um gajo justo, altruísta e samaritano, mas no fundo era um filho da puta de um biltre igual aos outros. Tinha era mais classe e não era garganeiro. Conquistva pela simpatia, pelo desinteresse em futilidades, e claro está, conquistava também pela boa droga que oferecia quando tinha a certeza que o agradecimento se aproximava, ou seja, quando as minhas mãos já não sentiam o tecido...
-Já estamos a chegar a algum lado. Já começas a perceber a finalidade disto tudo.
-Eu não, estou só a ter um momento de nostalgia. Faria tudinho igual! Ehehehehe!
-Vamos ali ao pé do bar do Chuva...
-É só artistas, hoje..!
E lá fomos nós ao barzinho mais pequeno do Templo, o bar do Chuva, esse local de encontro da sub-espécie mais pesada, os gajos mais velhos e batidos nas negras artes notívagas. Aliás, recordo-me um dia em Dezembro em que estava mais um amigo e colega de trabalho, um tipo de Cascais 5 estrelas, quando o gajo exclama apontando para o bar do chuva:
-Está ali o meu tio com os amigos! Embora lá falar com ele!
-Estás doido? Não vês que estou com os olhos a parecerem faróis de nevoeiro, e estou a remorder-me todo? O gajo vai perceber que estou um bocado drogado, isto é se não perceber que estou todo e até cima!!!
-Não há crise, o meu tio costuma ter boa coca...
-Ganda tio... - exclamei eu todo contente!
O tio dele era um tipo normal de Cascais, quarentão, boa pinta, e low profile. Estava com os amigos e amigas da mesma faixa etária e também sem levantar grandes ondas. Mas estavam animados entre eles e parecia haver uma certa cumplicidade que eu apreciava.
-Tio, tás por aqui sacana? - disse o meu amigo - Sabes, estou aqui com este meu colega e ele estava aflito em vir aqui porque estava com medo que tu achasses que ele está completamente estricado!
-E está? - perguntou o tio
-Está, não, ESTAMOS!!!!
-Fazem bem rapazes, a vida é curta...
-Tio, tens alguma coisa para o teu sobrinho do coração?
-Calminha chavalos, a noite é longa...
Palavras sábias aquelas, era um tipo da velha guarda, aqueles que pintavam a manta e ninguém topava nada! Aquilo que o gajo queria dizer é que ainda acabariamos numa urgência com uma crise renal, o que era comum em adolescentes marretas que se punham a meter pastilhas como se fossem sugus e a beber água como um peixe. Esses fedelhos eram aqueles que tentavam dançar aos saltos, histéricos, a falar comiam as palavras, mordiam-se todos até fazer sangue. Normalmente vestiam-se à betinhos, todos iguais, tal era o hábito dos colégios católicos, com aqueles polos da Amarras pelo pescoço, as pulseiras feitas de o-rings de borracha, calças 501 esgaçadas, camisinha aos quadrados... Pareciam todos irmãos gémeos, clones do caralho. Queriam ser homens, os palhaços, mas a única vez que sentiam os braços de uma gaja era quando a amiga mais velha e que os tinha trazido numa saída, os levava de rastos até ao táxi. Tenho-lhes alguma raiva porque me deram cabo de uns caldinhos com as amigas deles, tipas quase por estrear egostavam de, pelo menos uma vez, foder com o povo...
Juntámo-nos ao grupo do tio do gajo e os gajos começaram a dar lições de moral, mas nada do tipo moralista a sério, era um mais uma espécie dogma nocturno, código de conduta, em que tinhamos que nos afastar dos holofotes, destacar pela nossa sobriedade, mas sempre nas nuvens, sempre senhores de nós próprios e nunca andar a cambalear. Às tantas o tio dele perguntou-nos se queriamos Poppers. Eu, ainda a medo questionei-o se aquilo não era coisa de rabetas, mas ele disse-me assim:
-Oh pá, isso são pré concepções de adolescente na puberdade! Droga é droga!
-Oh pá, então quer dizer que também aceitas a ganza nesse rol...
-Não exageremos... Pronto, há coisas que deves evitar! Também não devemos ser extremistas...
-OK. Eu nunca dei nos Poppers, mas que se foda...
-Poppers, no máximo duas ou três cheiradelas por noite, senão ficas todo cozido. Não faças como aqueles barrascos de Chelas que andam com um lenço empregnado e cheiram de 5 em 5 minutos! Até te nasce uma pala trás da cabeça e, posteriormente, o chapéu completo... E olha que isso é irreversível. Também ficas com o instinto de marcar o território com saliva, o que te faz cuspir de 10 em 10 minutos, mesmo a dormir... Por isto tudo é que vos aviso: cuidadinho...
E lá dei eu uma bombada no frasco... Assim que inspirei, senti tudo a desaparecer à minha frente, todas as cores se misturaram e criaram uma espécie de paleta de gouache toda rabiscada. Pelo meio ainda vi a cara de um gajo que me parecia ser de um matarroano que estava enganado no dia. É que aquilo à Quinta Feira era a noite do estudante. Era hábito os palonços universitários que não eram da Capital irem para ali emborrachar-se em cerveja até cair... As palonças eram mais recatadas e mais finas, até se atreviam num ou outro vodka, os que as tornava um bocado libertinas e nessas alturas cagavam no Felisberto que tinham deixado na terrinha e a quem tinham jurado fidelidade eterna depois do gajo a ter conseguido papar numa capoeira. Quando descobriam realmente o prazer da carne, tornavam-se numa feras indomáveis. Eram meninas da aldeia, mas fodiam como as da cidade!

27/05/2008

Conto de Natal - parte 2

Num instante, chegámos às nuvens, e assim que entrámos nelas, vi tudo branco, tipo anúncio da SKIP ou coisa do género. Mas foi por breves instantes! Comecei a ver flashes que quase me cegavam a visão e exclamei:
-Oh Fantasma, não me digas que não te lembraste que podiamos apanhar trovoada! Olha que sou apenas Humano... Ou então já estamos numa rave qualquer... Mas não ouço música, apenas o som da brisa primaveril a bater-me nos coiratos!
-Calma, tem calma! Já lá chegamos. Estamos a atravessar o Limbo da GNR, e aqui os gajos ainda não perceberam que não há velocidade limite e insistem nos Radares! Tem paciência! A pressa é inimiga da perfeição. Pergunta aos gajos que sofrem de ejaculação precoce!
Passámos aquela merda e começámos a cair do céu, e comecei a ficar assustado. Foda-se, ainda pensei que iam dar comigo estatelado no meu da rua, todo nú, ainda por cima com uma companhia dantesca! Fechei os olhos, reacção normal, pois sou apenas um Homem! Enquanto caía, comecei a ouvir um som baixinho a aumentar de volume, Era-me familiar! Em tempos até gostava daquela merda... Reconheci quando se tornou mais alto. Era uma música dos Kult of Krameria. Sempre com os olhos fechados, finalmente cheguei ao chão! A aterragem não foi das mais suaves, mas mesmo assim não fiquei esmerdado nem parti nada, apenas um bocado dorido, tipo como se estivesse poder de bêbado, caisse e só depois de ver o mundo de pernas para o ar, desmaiar! Mas neste caso não desmaiei. Levantei-me do chão, abri os olhos e vi onde estava! Tinha voltado ao Kremlin!
Estava mais descansado, pois já estava vestido. Usava umas roupas daquele tempo, roupas que um dia chegeui a usar. As calças cinzentas da Cheyenne, tipo fazenda, quase veludo! Uma camisola da Frederick Holmes, em malha, com as mangas em lycra, toda azul, apenas com umas riscas amarelas a fazer lembrar uma sinalização das curvas apertadas das estradas secundárias... Carinhosamente chamava-lhe "a camisola da BRISA". Calçava uns Ténis pretos, tipo camurça, da Sketchers. Enfim, tudo roupa que um dia usei! Eu sei, eu sei... um bocado abichanado, mas na altura era o que as pessoas usavam! Pelo menos eu usava, e o gajedo gostava de passar a mão naqueles tecidos agradáveis ao toque e, consequentemente acabariam por passar a mão no nabo sem grandes conversas! O ecstasy fazia milagres...
Lá no Kremlin estava tudo doido, tudo ao mesmo ritmo, tudo de garrafa de água na mão. A garrafinha, esse ex-libris dos 90. Era ouro, a água! Os filhos da puta cortavam-na nas casas de banho a partir das 2 da matina, e cobrando 700 paus por uma garrafa de 1/4 de litro! Estavam lá todos: os travecos, os blacks dealers que vendiam uma mistela em que o ingrediente principal era SKIP e faziam-na passar por pastilhas, as modelos dos catálogos do Continente que se achavam umas Top Models mas que se dissessemos que trabalhavamos em televisão e tinhamos coca, alinhavam numa festinha a três "no questions asked", as quarentonas divorciadas paponas de putos na pujança da idade e do speed, os velhões panascas refundidos na zona escura do pardieiro a micar os putos, os gunas de Chelas e a sua mania dos apitos de árbitro... Até vi o bombado do porteiro da altura com as calças de fato treino vermelhas da Adidas com os seus ténis Assis Tiger amarelos, e casaco de cabedal!
-Oh meu, leva-me daqui! És mesmo sumítico, mais um cochinho e estavamos no Alcântara!- disse eu ao espectro!
-Desculpa, é a força do hábito, sabes? Nós funcionamos como os pombos, onde quer sejamos largados, voltamos sempre à pócilga das nossas gaiolas! É por isso que os meus semelhantes mortais têm uma taxa de reincidência criminal muito grande!
-Logo vi... só faltava mesmo era parares pelo caminho para ires à Caravana dos Hot-Dogs aqui ao lado.
-Pois, tens razão! Caga nisso, vamos mas é embora ali ao Alcântara!
E lá fomos nós a voar pela 24. Aquilo para mim já não era novidade, pois uma vez, eu e o JR vínhamos de Cascais, na sua GSXR 7 e meio, onde tínhamos comprado Ácidos, e pensámos que estávamos na AutoBahn. Era isso e porque ele apostou comigo que a mota dele eram daquelas da Galática!
-Em segundos, estávamos na Travessa da Cozinha Económica. Insisti em pousarmos porque queria ter aquele flashback de ir pela rua a pé, passar pela porta da maralha, virar à esquerda e dirigir-me à porta dos cartões... Aquela merda, mesmo depois destes anos todos até o fazia de olhos fechados. Assim que dobrei a puta da esquina, quem eu vejo à porta? O gajo fininho que me conhecia de jingeira mas que não ia com a minha cara e fazia sempre a mesma pergunta:
-Tem cartão da casa?
Foda-se, o cabrão tinha algum fetiche retorcido em me ver sacar o cartão preto. Ou isso ou o gajo tinha um prazer mórbido em dizer "faxavor" contrariado! Todos os dias era a mesma merda! Estes gajos da noite têm mesmo pancas maradas! Eu também as tinha, mas considero que eram as vulgares de lineu, ou seja, gajas a régua e esquadro que não eram fufas mas que de quando em vez gostavam de uma palhaçada lésbica! Não, não eram tipas da maçonaria, eram gaiatas com as medidas de sonho!
-Oh fantasma, olha que o gajo vai me pedir cartão, e a ti, simplesmente se ri, a não ser que esta seja já aquela época decadente do Alcântara em que se transformou no salão de baile do Sacavenense!
-Não te esqueças que ninguém nos vê.... Já agora, trata-me por Ganimedes!
-Gani quê? Esse gajo não era um gajo do tempo da grécia antiga?
-Ya!!! Foda-se, e o chunga burro sou eu? ZEUS é o meu patrão, e se tu não te armasses aos cágados com essa merda da classe, saberias que o meu chefe, o ZEUS, chutava com os dois pés! E um dos amantes do gajo era precisamente o Ganimedes! E o gajo acha que sou parecido com ele...
-Mas vocês não têm sexo...
-Esqueceste-te do "pouco" antes do sexo. Porque achas tu que gosto de andar a voar? Lá de onde vejo também temos Citroenes Saxo verde alface com lâmpadas do talho por baixo, mas passar pelas lombas torna-se doloroso para mim! Já bem me basta a vergonha de me parecer com um jogador da bola da terceira divisão com mau gosto! Ups, perdoa-me a redundência...
-Poupa-me lá os promenores sórdidos, já tou a ficar enjoado! Buga lá para dentro que estou a ficar impaciente...

25/05/2008

Conto de Natal - Parte 1

Noite de sábado para domingo.
Estava eu a dormir, depois ter mandado a trancada semanal a que o estatuto de esposo me obriga, quando de repente, me entra um gajo pela janela, a voar. Vestia calças azuis berrantes, uns ténis All-Star amarelos, uma t-shirt fluorescente com um Smile, óculos escuros com lentes azuis e um boné à guna. Na mão trazia uma pequena garrafa de água, mascava uma pastilha frenéticamente e abanava a cabeça com uma cadência 4/4 perto das 140 BPM's... Levantei-me num ápice e dirigi-me ao local secreto onde guardo a fusca. Por momentos ainda pensei que tivesse morrido e aquilo era a MORTE, mas achei que era de mau gosto mandarem um anjo tão manhoso e chunga! Afinal, eu nunca tive qualquer relação com as gentes de Chelas! Além disso o gajo não tinha asas nem nenhuma aura, apenas um cheiro a suor e a única coisa parecida com luz que eu via era uma daquelas barrinhas fluorescente que se partem, abanam e dão luz durante 12 horas, que estava pendurada ao pescoço do gajo! Ainda pensei que fosse uma nova forma de abordagem radical dos Jeovas, mas como o tipo estava sózinho e não trazia revistas caguei nisso.
O gajo, ao ver que estava ali em pânico, a ver se encontrava a canhota no esterco que é o meu armário, apressou-se em desfazer-me as dúvidas:
-Eu sou o fantasma das Raves Passadas!!!
Fiquei abismado, caguei na fusca porque já aprendi que os fantasmas estão-se a cagar para tiros, facadas e porrada! Aprendi à custa de muitos filmes manhosos... Fiquei também apreensivo porque aquela merda era-me familiar, já conhecia aquela lenga-lenga de algum sítio.
-Venho aqui com uma missão! Tens de tomar consciência para onde caminhas. Eu vou ajudar-te!
-Oh meu chunga de merda, quero lá saber se tu és alma penada! Põe-te mas é nas putas antes que a patroa acorde. É que se isso acontece, eu vou ter de dar mais uma berlaita e não estou para aí virado! Eu não aguento carinhos depois da foda duas vezes no mesmo dia... Além disso ando todo fodido da picha, porque a Esmeralda, colega lá do trabalho, gosta de fazer bicos depois de almoço mas ainda não aprendeu que os dentes não são para entrar na festa! Já me custa a obrigação de uma ao fim-de-semana! Se eu falho essa merda ainda tenho filhos pretos!
-Está descansado, só tu me podes ouvir e ver... Além disso enfeiticei a tua mulher com a magia dos Valliuns!
-Oh pá, já estás a subir na minha consideração. A continuar assim ainda sou capaz de te ver como um Humano e não apenas como um gajo da Zona J! Mas diz-me, o que raio é isso de seres o fantasma das Raves Passadas? Vens cobrar a minha alma por um dia ter metido pastilhas e fumado uma ganza, no beco atrás do Alcantara-Mar? Eu sei que foi uma atitude chunga mas eu andava desenquadrado e sozinho. Eu sei que a única coisa que se mistura com MDMA é cocaína e champagne. Mas naquele dia cedi! Tinha de ver como era o outro lado. Tinha que, pelo menos uma vez, ver como era a noite pelo prisma de um calhau! Não bastava fazer-me acompanhar deles! Tinha que ver o que eles viam! Além disso estava deprimido e sem guita! Eu sabia que naquele dia não iria comer nenhuma modelo que faria uma mamada por uns riscos de branca. Nesse dia sentia-me quase um suburbano adepto de futebol, tremoços e imperiais!
-Nada disso! Não venho cobrar nada, apenas te venho levar a dar uma volta ao passado. Para recordares as Raves dos anos 90.
-Foda-se, não me vais levar a nenhuma matiné de província onde achavam que "2 Unlimited" era techno pesado. Nem me vais levar de volta ao Sudoeste, aquele antro no Bairro Alto, embora eu tenha boas recordações desse tempo, ainda tenho um quase trauma de infância com Catarina Gorda, a fufa da porteira que desatinava comigo! Se me queres levar ao passado, larga-me numa daquelas orgias em que estive e pouco me lembro!
-Naaa... Vou levar-te a um sítio que te era familiar e passaste bons momentos! Além disso o Sudoeste era nos anos 80! Eu sou o fantasma das Raves Passadas, não o Fantasma da Triste Época do Acid House! Sou chunga, mas também tenho alguns limites quanto ao mau-gosto!
-Yuuupiiii! Ao beco do Alcântara-Mar, aquele de que falei há um bocado! E se tu tens poderes sobre-naturais também podes arranjar boa branca!
-Também... Agarra-te ao meu boné mágico da Nike!
E lá me agarrei à pala do chapéu à guna do gajo de Chelas... De repente saímos a voar janela fora, em direcção às nuvens! Só aquela coisa de ir a voar já me estava a fazer recordar uma vez que meti Ketamina a julgar que era Cristal! A única cena chata era que o gajo não me tinha dado tempo para me vestir, eu eu costumo dormir nú! Eu rezava que ninguém me visse naqueles propósitos ainda para mais agarrado à pala do chapéu de um gajo chungoso e borbulhento. Mas também, eu vivo num dormitório urbano... Quem haveria de estar acordado aquela hora? Até achei que o facto de ir a voar era secundário! O que achei mesmo surrealista era fazer-me acompanhar com uma espécie de sub-espécie, ainda para mais, todo nú!!! As únicas vezes em que isso aconteceu, estava ser assaltado, tirando a parte do nú, está claro...

22/05/2008

Copia essa merda e cala-te...

Acéfalos espécimes que mandam, têm eles a capacidade de pensar e decidir! Ou serei eu o ser desprovido de inteligência? Talvez, já não sei! Eu tento, bem que tento fechar os olhos à ignorância, ao torpor da gentalha hipócrita! Mas custa-me... Temos o que merecemos, é assim que rezam os antigos!

País de merda, gente de merda, sempre orgulhosos de feitos e glórias quinhentistas, mas que agora chama à "Portuguesa" a música da selecção, que acha que ser "afectivo" é uma profissão, usa a matemática apenas para programar férias, folgas e baixas de acordo com feriados e pontes... humanos estúpidos e perigosos estes! Dói-me o estômago, dói-me os dentes de tanto os cerrar. O melhor a fazer é manter-me no anonimato, silencioso no meu canto, fingindo a burrice, seguindo o pastor cegamente e respeitando o ladrar do cão... mas tenho a lã escura! É a minha natureza, e contrariar isso é negar a minha existência, o meu livre arbítrio de pensar! Apenas o faço por necessidade de terceiros, mas o corpo dá sinais de si, é preciso mudar, à força ou pela força!
Custa assim tanto pensar, idealizar e inovar? Eu também não gosto de trabalhar, perca de tempo nesta curta vida, mas se tenho que o fazer, ao menos que tire o proveito, tenha a glória e tenha orgulho nisso, que o faça com o mínimo de prazer!

Deus manda, tu fazes, temos papel para vender! A sopa de letras tem mais nexo que esta merda! Há ali papel higiéncio usado, é para copiar também? Vende-se gelo a esquimós, vende-se areia tuaregues, censura-se quem fala mal da manada de lá, chupa-se as pilas dos chefes da manada de cá! Brochistas!!! Os pretos não são gente, os pobres são feios, os de direita são fascistas, os de esquerda não têm classe, a realidade não usa "Armani"!!! Chefe, chefinho da manada, determina mais alguma coisa?
E queixam-se do governo, dos impostos, da conjunctura, apontam erros, apontam defeitos, dão bitaites de entendidos "se fosse eu, chegava lá e fazia assim...." expressão tacanha de quem foi sempre um inútil. Temos o que mercemos, país de merda, gente de merda.

19/05/2008

O copy/paste e os dealers da EDP

Eu gosto de andar de comboio! Eu gosto de ler enquanto ando de comboio! Eu leio aqueles pasquins à borla de nascem nos assentos dos comboios! Eu conheço jornas, de esquerda, que são de uma elite que não anda de comboio! Eu conheço jornas que não aceitam os pasquins à pala porque isso representa a quase extinção do seu "posto de trabalho"! Eu conheço jornas que acham que aquilo não é escrito em termos e é um atentado à "classe"!

A diferença entre um jorna normal e um jorna dos gratuitos, é que o primeiro domina a arte do copy/paste, já o segundo é um massarro!!!

"Uma descarga eléctrica de alta tensão matou, em Braga, um homem que havia arrombado a porta do posto de transformação da EDP no bairro Santa Tecla. As autoridades suspeitam que
a vítima, que era toxicodependente, terá arrombado a porta do posto da EDP alegadamente para furtar cobre ou procurar drogas."

in Global Notícias 19/05/2008 - pág 8

Os meus pais, quando eu fui para o primeiro ano do ciclo, avisaram-me:
-"Cuidado meu filho, não aceites doces dos senhores que estão à porta da escola! Aquilo tem droga..."
Eu sempre andei à procura dos gajos na esperança de uma borla... mas em vão! Tive sempre que pagar por ela.... Agora já sei onde a podia encontrar!!!
Porque raio não fui eu para electricista?

p.s. sim, sou um gajo que gosta de tudo à borla, e depois?

18/05/2008

Coprolália

Fodem as abelhinhas
Fodem os cães
Fodem os passarinhos
Fodemos Nós...

Gostamos de foder, pois então
Foder até mais não
Foder a vizinha, foder o padeiro
Foder a vida, foder dinheiro
Fodemos por prazer
Fodemos porque queremos
Prazer mórbido, prazer primário
Prazer de foder as trobas ao Zé
Enquanto lhe fodemos a mulher
Fodemos carros, fodemos putas
Fodemos o mundo, com gana e tesão
Sem foder é que não...
Fode o padre, o menino
Fode o patrão, o empregado
Fode a empregada, o patrão
Fode o pai, o filho
Fode também a mulher
À força do seu desejo
À força da sua força
Fode-le as fuças, fode-lhe a alma
Havia de ser fodido sem dó nem piedade...
Fode o presidente, fode o secretário
Fodem meia-dúzia de iluminados
Adoram foder 9 milhões de desgraçados
Fodem os árbitros, a fruta
Fodem também a animação
Haviam de ser fodidos com a mesma ambição
Fode meio mundo o outro meio
Anda meio mundo fodido
A foda desta vida
É querer foder e não poder
Ter guita é foder
Não ter é ser fodido
Se queres muito foder
Fode a tua mão

Fode muito, muito mesmo
Fode com paixão
Fode com alma, fode com calor
Deixa-te foder por quem te quer foder
pela mesma razão!






Só não digo "foda-se" porque não gosto de ordinarices!!!

14/05/2008

Rumble Fish

"...este fica..."
O cinzento, esse tom que todos nós damos como certo, que o vemos, que mesmo o mais daltónico o distingue, é tão obscuro e fascinante para mim!
Certo dia fiquei intrigado com uma doença rara que desconhecia por completo, a incapacidade de sentir dor. Como será que assim se vive? Como se aprende o que magoa? A dor é indispensável à sobrevivência, é o sinal de alarme de que qualquer coisa nos pode lixar... É A RAZÃO DO MEDO!
A intriga surge por isto mesmo porque estes doentes têm que forçosamente aprender um conceito estranho, têm eles próprios que inventar um limite, têm que ser iguais entre iguais! Mas é falso, cheira e sabe a falso! E assim entendi o inferno do que levar uma vida teatral, o fingimento... e isso tolda-nos! Não que padeça desta mesma doença, antes pelo contrario, sou um parido dos diabos! Mas compreendo-os de certa forma....
No meu caso concreto, a questão não é tão física e directa, não me afecta a integridade, afecta-me sim a capacidade de decisão!
Para mim, a expressão "não é tão linear assim" não faz qualquer sentido, é vazia, não existe! Sei o que significa, também aprendi por força, ou melhor, à força, porque é o senso comum que impera, não quero andar desenquadrado! Mas ando....
Só vejo o Preto e o Branco, não há cá "zonas cinzentas", ou sim ou sopas, ou oito ou oitenta, ou vai ou racha... e outros adágios populares. Sou assim, não porque queira, apenas sou. E isto afecta-me socialmente, familiarmente, inconscientemente, fisicamente, visceralmente... Cerro os dentes e os punhos com a mesma facilidade com que sorrio
Mas como os outros, também eu "aprendi" a conhecer o intermédio das coisa, aprendo a controlar a dor do torcer do braço, mas não quer dizer que as compreenda, que as aceite! O meio-termo faz-me asco! Irrita-me! Soa a hipócrisia, a falso! Será que não entendem ou serei o único iluminado? Finjo não perceber o fim, apenas a intenção. É assim todos os dias. E calo-me... Como eu detesto ter razão!!!
Reflete-se no meu próprio ser, pois faz de mim uma coisa hedionda, radical e extremista! Mas não sou. Eu tento, eu represento, eu finjo ser o que não sou, finjo ver o que não vejo, finjo perceber o inconcebível, sinto-me só por vezes...
Tentei eu ver, pelo menos, o sacana do peixe vermelho, mas nem nisso encontrei o meio-tom... Tudo é antagónico! Tudo é contraditório! Que luta infernal!

Apenas tento viver o máximo na zona branca enquanto caminho a passos largos, e aterrorizado, para a zona preta. Sou incapaz de perceber que estou no cinzento e isso molda-me, afectando por vezes uma insignificante tomada de posição mais branda, mais moderada! FICO IRADO! Moderar o quê? Por muito que tente, sou mau actor, não acho o fiel da balança, chego mesmo a ser MAU. Apenas acabo por representar o célebre personagem do conto de fadas...
Mas também sou bom, bom demais, complacente e terno! Também tenho a capacidade de chorar, da inépcia e da letargia.Mas tudo são extremos. Não me defino, ando numa luta constante com o mundo... Ou será como o peixe que, quando vê a sua imagem reflectida, investe de guelras arqueadas? Quererei eu impor o meu território, a minha vontade inabalável, o meu pensamento linear? No fundo, até agora, continuo a marrar contra o espelho, contra a minha própria imagem, enquanto represento um filme fraco, cheio de falhas de argumento.

Assim sou eu, o Preto acre das bolinhas que sabem a podre, quase que execráveis mas apenas acessível a alguns, que se mistura com o fofo creme Branco-alvo, quase que angelical, mas que não passa de uma reles e malfadonha mistura de elementos pouco nobres e apenas possível pelo poder da física e química, na vã esperança que dê um Verdadeiro cinzento.

08/05/2008

O revivalismo de modas passadas ou a auto-flagelação! Ou ainda: "não me apetece editar o post anterior"

A Ritalina, a Cocaína, a Fluoxetina, a panasquice, o Salazar e os piercings são merdas de outros tempos que causavam uma certa agitação ou um certo repúdio!
Hoje é moda e fica bem dizer que se gosta pelo menos de uma delas....

O revivalismo de modas passadas ou a auto-flagelação!

As calças à boca de sino,o Camilo de Oliveira, o swing, o Nelson Ned, a Vila Faia, as Doce, o Santana Lopes e a trepanação são algumas das merdas de outros tempos voltaram a estar na moda.

Estaremos com uma crise criativa? Será mesmo que a minha geração afinal é mesmo rasca? Talvez, mas aponto mais para preguiça de inventar novas parvoíces que não sejam baseadas em tecnologia de ponta ou de ré (vulgo de merda)!
Inventem qualquer coisa para que os meus descendentes tenham uma referência qualquer, para que possam dar continuidade à tacanha expressão"...no meu tempo...". Sim, essa mesma expressão de outros tempos, mas nunca saiu de moda! Essa já quase que paga imposto sucessório. É transmitida de pais para filhos quer seja por meio de palavras ou de um valente enxerto, prevalecendo sempre com firmeza e nunca deixar de ser moda! Que iremos desenterrar nós amanhã? A PIDE? Olhem que Alberto João vai ficar sem nada para a fazer...Mas também já não há jornas, apenas estagiários e os comunas já vestem Armani, por isso tinham que ir malhar noutros lados...
A continuar assim ainda vamos acabar no canibalismo, na monarquia e na zoofilia, sendo que esta última ainda se mantém num pequeno reduto Luso... ali para o Noroeste, mas isso também tem uma razão de ser. São as consequências da consanguinidade e de um grau de parentesco chamado pai-tio.

Vamos todos criar uma nova moda: a Terças -Feiras Negras!!! hã...? O quê? O pão está a QUANTO???? Foda-se, foi rápido....

06/05/2008

A morte previamente anunciada.

A Gabi!
Ela tinha cerca de 30 anos quando a conheci. Eu tinha 18. Rapariga de família normalíssima, abastada, coesa e nada disfuncional. Em novinha conheceu um gabirú que seguiu cegamente, exceptuando no acidente de mota que lhe ceifou a vida. Poupou-o à agonia! A Gabi teve como herança do seu namorado o vício da heroína e a SIDA! A Gabi era um farrapo humano em recuperação, mas apenas por frete, por amor à família, para os poupar da melhor forma a um fim mais do que certo, a um fim nauseabundo para quem vê!!! A Gabi decidiu ser uma rapariga da família, do vício, da recuperação com conta peso e medida... Afinal nada nem ninguém lhe poderia fazer mal. Ela sentia-se intocável! A primeira vez que vi alguém caldar, foi a Gabi. Foi um misto de curiosidade mórbida com terapia de choque... Por azar a seringa entupiu! Ao tira-la da veia, o sangue salpicou tudo em redor da Gabi. Por momentos senti um arrepio, pensado que tal não seria normal... - "Venenoso..." - foram as últimas palavras que balbuciou antes de olhos revirarem e entrar naquele torpor, que para ela era tudo!!! Era tudo o que lhe restava! Estava eu, o J.R. e a Gabi. Ela bebia uma cerveja em lata... Eu peguei na cerveja dela e quando me preparava para dar um gole, ela solta um estridente e assustador -"NÃO FAÇAS ISSO... Oh estúpido, olha que eu tenho SIDA!-" Fiquei gélido! A minha cabeça foi assaltada por mil e uma reacções, mas nenhuma saiu... apenas disse: "...não sabia..." Naquele momento percebi a Gabi!!!
Deixei de saber da Gabi pouco tempo depois, nunca mais soube dela. Possivelmente já dança ao som do piano. Não sei... Foi uma pessoa que passou por mim de raspão, mas que me marcou muito. Foi a primeira em que vi o cavalgar sacana em plena acção, foi o primeiro "venenoso" que conheci.

Hoje vi isto e lembrei-me dela!


Dorme Gabi, dorme...

05/05/2008

O despertar do mau gosto que há em mim

Ando a dar comigo a mirar aquelas gajas chungas, de aspecto fácil e ordinário, aquelas que têm escrito na testa "10 rosas", formigas de Shopping Center. Aqueles vacões desmiolados que só se preocupam com a roupa berrante cheia de purpurina, que apesar de terem uns 20 quilos a mais insistem na calçinha de cintura descaída, em que o cinto é tapado pelos pneus, que mais parecem coiratos crus, daquelas que dá vontade de foder à bruta e chamar-lhes nomes...
Será o despertar do camionista que há em mim??? E eu que até sou um gajo romântico e sensível...
Vou ali num instante por dedos na tomada eléctrica a ver se passa!!!


p.s. desculpa lá, mas foi um desabafo.

Ninguém mexe, isto é um assalto!!!!

Respiro fundo numa de ganhar coragem, miro a porta ao longe, faço uma breve "check list" mental aos procedimentos que anteriormente tinha ensaiado, meto a mão ao bolso a verificar a pistola e finalmente arranco em direcção ao outro lado da rua. A 3 metros da porta baixo o gorro, sempre mantedo a cadência acelarada do passo. Assim que lá entro, o gajo atrás do balcão olha-me para os olhos com um ar de terror como se estivesse frente-a-frente com a Roçadeira Cabrona. Nesse mesmo instante miro-lhe a puta da pistola mesmo entre os olhos, na chamada "zona vermelha" e mesmo antes de articular o chavão típico do "Isto é um assalto" (aliás, nunca eu percebi porque raio temos de dizer isso... será que pela indumentária e o facto de eu lhe estar a apontar um "ferro" aos cornos ele não entenderia??? ) já o desgraçado do homem estava de braços no ar a fazer sinal com o queixo para o sítio do dinheiro... Foda-se até me engasguei ao proferir a mágica frase que iria desfazer todas as dúvidas da minha presença. Que merda....
Fiquei a dois metros do tipo (mais perto nem pensar...), houve ali um silêncio de três segundos (que mais pareceram 3 horas) que foi o tempo de meter a manápula esquerda ao bolso para tirar um papel que infelizmente não estava lá....
-Foda-se meti no outro bolso... - disse eu entre dentes. Ah pois, eu sou dextro, logo, ao preparar-me pus o papel no bolso direito das calças de ganga, e como tal tive que rapidamente passar a arma para a mão esquerda quase imitando o Marco Paulo com o seu famoso microfone. Aquela merda já estava quase a descarrilar! Resolvida a trapalhada, (papel na esquerda, pistola na direita) pousei o papel no balcão que nos separava e disse-lhe com uma voz decidida, autoritária, calma e rouca:
-Está aqui esta lista! Tudo o que nela consta, vais meter num saco! Tens exactamente dois minutos para o fazer! Aos 2 minutos e um segundo tens latão nos cornos!!! Ele pegou no papel com um ar de espanto misturado com o pânico! Adivinho-lhe o pensamento:
-Mas porque raio está este gajo a assaltar uma mercearia? E porque raio me dá uma lista de compras em vez de me sacar a narta da registadora???
Observo os movimentos do gajo a aviar-me a lista, eis que sinto uma forte pancada no ombro que me deixa gelado ao mesmo tempo que sinto uma descarga imensa de adrenalina que me faz disparar o coração... Nisto, ouço:
-Acorda!!!!
Abro os olhos ainda em pânico sem perceber a quantas estou, a tentar descortinar o que se passa. Estou deitado no sofá da sala. Na televisão está a dar no telejornal uma notícia sobre a crise alimentar que irá abalar o mundo.
Olho para aquilo com preocupação, pois tenho apenas uma reles pistola. Tenho de investir em mais poder de fogo!!!

29/04/2008

O mistério da Estrada de Sintra - introdução

Esta história nada tem a haver com a obra de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão. É apenas um apontamento de ficção...
...surrealista!!!

Sintra é conhecida como a terra das Bruxas, são conhecidas as lendas que assolam o lugar. Aliás, Sintra era conhecida como o Monte da Lua ou qualquer coisa do género. Alberga também um local de culto transcendente que nada tem de parecido com rituais Satânicos ou seitas Wicca. A minha história desenrola-se num edifício com uma traça arquitectónica invulgar, um misto de bola de espelhos muito na moda das boites dos anos 80 e do capacete do Darth Vader. Fica à beira de uma estrada internacionalmente conhecida que dá acesso aos locais de dormitório dos funcionários públicos suburbanos que se engravidaram a gaja mais comida da escola e agora têm uma vidinha de merda, em que a única preocupação da vida deles é esgalhar o pessegueiro à conta das amigas imberbes da filha adolescente, e do próximo treinador do Benfica. É conhecido pela populaça local como Alcatraz devido às fortes medidas de segurança existentes no edifício, bem como à quase inexistente possibilidade de fuga dos que por lá se atrevem a entrar. O dono deste edifício e director da prisão é tão misterioso quanto Sintra. Sabe-se muito pouco sobre esta figurinha controversa e atarracada! Nos idos anos 60 diz-se que foi sodomizado por uma tribo inteira de pretos, e que desde aí lhes ganhou aversão. Dedicou-se depois à produção em massa de enciclopédias para donas-de-casa que lamentam a puta da vida madrasta que levam, que a nível profissional gostariam de ter sido esteticistas e que têm o infortúnio de apanhar nas trombas à sexta-feira. A sina delas é tratar da roupa da Maconde do labrego do marido mas de têm o desejo secreto de lamber uma púncia enquanto são encavadas por uma réplica do John Holmes.
Diz-se também que foi uma espécie Larry Flynt das ex-colónias e que vingou através do trabalho alheio e da ausência de escrúpulos no que diz respeito às leis do direito de autor. Tem uns quantos filhos oficiais, já teve umas quantas esposas, e clonou a última nos anos 80. O seu nome é Jackie Chan Ramiro, mais conhecido como BLACK ZEIMER, alcunha que derivou da malvadez do Black Adder misturada com Alzeimer, doença de que se julga ele padecer. Ao seu lado direito encontra-se a sua primogénita Sauria Ramiro, moça quarentona que se julga intelectual e que a sua maior façanha foi querer fazer uma entrevista a um conhecido compositor do século XIX. Burra de pai e mãe, lá vai fazendo a vontade ao paizinho, não sendo propriamente a sua vontade. Espera um dia ascender ao título de mulher de sucesso, directora de uma prisão administrando-a com golpes de marketing do tempo da ditadura com uma pitadinha de palavras de incentivo retiradas de um qualquer livro do Paulo Coelho. O seu homem de confiança, o número três do estabelecimento prisional, José Aventuras, gajo do jet-set, doutor, outrora secretário e lacaio de um rei que se dedicava ao tráfico de diamantes. Gajo a entrar na 3ª idade, casado, uma referência na rotidão nacional, adora moços altos e espadaudos, de barbinha feita, de preferência aspirantes a cantores pimba/boysband com nomes tão peculiares como ManelManel, AntónioAntónio ou ViktorViktor. O seu doutoramento permanece um mistério, visto ele achar que Helmut Newton é o vendedor de gelados e Magnum é nome de um sabor! O seu hobbie é açambarcar o tarolo de uma outra figurinha de 1,90m: Gambuzino Tenente. Invertebrado, alpinista, dono de uma ambivalência extrema, foi outrora um macaco de passerelle. Por acaso até é hetero, mas apenas encava velho e engelhado em benefício da sua carreira. Adepto fervoroso da série de livros "...FOR DUMMYS", conta que o último que anda a ler é "BE SMART FOR DUMMYS".

Estão feitas as apresentações dos personagens principais. Outras virão...
Quaisquer semelhanças com a realidade são pura filhaputice do autor!