02/06/2008

Have you seen him???

Nem só de Natais vive o Homem! Por isso, e também porque ando às voltas com o Conto, decidi desenjoar e meter esta história que nasceu em menos de um fósforo, enquanto o Diabo esfregava o olho.
O Phopho era rapaz trintão, pescador, e morava ali ao pé de Setúbal, terra de bom peixe e boas quase-pessoas. Uma santa alma recatada, que nada nem ninguém apontava o dedo, aliás, toda a gente lhe reconhecia mestria dedicação no seu ofício.Phopho morava sozinho, não se lhe conheciam namoradas, casos amorosos, nem mesmo uma qualquer ida a locais de pecado, coisa normalíssima entre gente do mar. Mas Phopho tinha um segredo! Descendente de transmontanos, Phopho tinha nos genes qualquer coisa que o fazia ser diferente, sentia-se estranho quando olhava as sardinhas acabadas de pescar... Via-as ali a saltitar nos cabazes e aquilo aquecia-lhe o sangue, despertava-lhe o instinto primário, aquele que nunca teve, nem mesmo quando a Alzira lhe mandou com uns avanços.
A Alzira era uma moçoila peixeira, também trintona e solteirona. Amiga desde sempre de Phopho, nutria por ele uma paixão exacerbada, que no entanto não era correspondida. Tiveram em tempos um contacto carnal, por alturas da puberdade, mas Phopho apenas o fez por curiosidade, por amizade à sua amiga e confidente, e também porque ela tinha chegado da lota sem banho tomado e exalava um forte cheiro a peixe. Phopho era um homem desinteressado de relações humanas e carnais, apenas tinha uma grande estima pela Alzira, mas ela fervilhava há anos, fruto do serviço mal acabado.
Um dia Phopho estava no porão da sua embarcação, sozinho, pronto para descarregar todo o produto da faina quando um tremor lhe evadiu todo o corpo, uns calores vindos das profundezas do Inferno, e aí ele despiu-se por completo e não resistiu ao apelo do peixe prateado e saltitante, atirando-se às milhares de sardinhas que jaziam no seu porão. Ele rebolava, esfregava-se, extasiado e completamente tresloucado, Phopho sentia-se como um comum mortal masculino a viver a sua derradeira fantasia, que basicamente consiste em muitas mulheres ao molho e nós no meio. No caso dele, as sardinhas eram o fruto desejado. Alzira tinha o hábito de o ir esperar à doca, dava dois dedos de conversa, sempre na esperança de despertar a paixão a Phopho. Subiu a bordo da traineira, e quando desceu ao porão deparou com aquele cenário dantesco, aquela orgia retorcida que não lembraria ao comum mortal. Phopho nem deu pela presença dela e continuou naquele gang-bang frenético. Alzira fugiu chocada, lavada em lágrimas e contou a toda população do bairro dos pescadores o que tinha visto. A populaça, mentalidade retrógada e conservadora apressou-se em cortar o mal pela raiz, pois achavam que era coisa do Demo, e decidiu em bando perseguir e expulsar Phopho da sua comunidade.
Eram 11 da noite quando Phopho chegava a casa e deu de caras com centenas de almas com armas improvisadas na mão. Houve até alguém que trazia uma escamadeira de amanhar peixe. O patriarca da comunidade destacou-se da molhada da quase-gente e disse-lhe:
-Phopho, arrumas as tuas coisas e vais-te daqui. Nunca mais cá pões os pés. Só não te matamos e mandamos ao mar porque sempre foste honesto, trabalhador e respeitador. Mas isso acabou, e não queremos cá as modernices de Lisboa, por isso, vai-te!!!
Phopho, baixou a cabeça, entrou em casa, arrumou as coisas e partiu para parte incerta e nunca mais ninguém dali o viu. Alzira entregou-se de corpo e alma a Deus, entrando para um convento e optando pela clausura. O Phopho, esse partiu para Lisboa, para o buliço urbano onde toda a gente passa despercebida, onde ninguém quer saber de ninguém, e inclusivé até permitem os homens que gostam de homens. Phopho precisava de se perder no mundo, e ali era o local ideal...
Nos dias que correm, sabe-se que Phopho virou metrossexual, giggolo e dealer de coca. Sabe-se também que todos o anos, pelo seu aniversário compra 20 kilos de sardinhas e comemora-o sozinho...

n.a.: Não conheço a figura da imagem! Não a saquei de nenhum lado, apenas a criei com uma ferramenta disponível na Internet. Se for parecido com alguém (desde já os meus sinceros sentimentos), declino já a minha responsabilidade, pois trata-se de uma mera coincidência.

2 comentários:

Jakk disse...

O Phopho parece um motorista argelino aqui do pedaço!
Com esse moustache e tudo!!!

Liiiindooo!!

Anónimo disse...

Phopho, gosto desse toque!